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Prepara o bolso: material escolar deve ficar até 10% mais caro este ano

Lista deve pedir apenas o que tiver finalidade pedagógica

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 05:36

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Assim que recebeu a lista de material escolar do filho, a técnica em enfermagem Claudineide Dias, 44 anos, percebeu a diferença. Os preços de livros e dos itens de papelaria de Bernardo, prestes a começar o 4º ano no Colégio São José, tinham aumentado. “O peso maior foi nos livros. No ano passado, gastei R$ 1.200. Esse ano, foi mais de R$ 1.300”, calculava, enquanto esperava pelas compras em uma livraria na Avenida Joana Angélica. 

Mas ela não foi a única a sentir o peso no bolso. A subida nos preços é uma tendência nacional: em todo o país, o material escolar deve ficar entre 8% e 10% mais caro do que em 2019, de acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Material Escolar (Abfiae). 

Para tentar economizar, Claudineide pediu orçamentos em três livrarias diferentes. Mesmo que tenha sentido o principal aumento nos livros didáticos, não notou muita diferença no preço dos exemplares entre um estabelecimento e outro. O maior impacto vinha justamente no restante do material – de lápis e caneta aos classificadores e mochilas. 

Além disso, adotou outras estratégias. Reservou o dinheiro das férias para quitar logo tudo que tinha para pagar relacionado à escola – na conta, ainda tinha fardamento, meias, tênis.“O dinheiro das férias foi todo (embora). Tem coisas que eu deixo de dar, mas a escola é essencial”, afirma ela, que comprou a mochila em dezembro, pela internet. “Mostrei algumas opções para ele (Bernardo), que escolheu entre as que eu indiquei. A única coisa que ele tinha pedido é que não fosse de carrinho. Preferiu uma que ficasse nas costas”. O próprio Bernardo, cujas aulas começam no dia 28, explica: na escola, passa por muitas escadas. Dentro das opções listadas pela mãe, escolheu a preferida. “Escolhi uma lisa, cinza, da mesma cor do ano passado. Mas agora não tem rodinha porque é melhor de usar”, diz o garoto. 

Pesquisa Como Claudineide, outros pais têm partido para os orçamentos. O operador Daniel Pereira, 39, passou em três livrarias antes de comprar o material da filha, Raquel de Jesus, 10, que vai começar o 5º ano no Colégio Adventista. “Eu procuro conversar com ela e conscientizar sobre o custo e o benefício de cada coisa. A gente vai gastar cerca de mil reais esse ano. A gente já separa o 13º salário para esse gasto”, afirma. 

Uma das formas de economizar foi reutilizar a mochila do ano passado. Daniel conversou com a filha antes de comprar o material (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) “Na época, conversei com ela que a gente ia comprar uma mais resistente para durar esse ano também. Foi um investimento maior em um material melhorar para ser mais duradoura”. Mas, ao mesmo tempo, fez algumas concessões para a menina. “O classificador transparente era mais barato, mas ele deixou pegar o rosa mais leitoso. Peguei também o lápis bicolor, que de 12 acaba virando 24 cores, que ainda vem com borracha e outro lápis. Era o que eu queria”, diz Raquel. 

A bombeira Rafaela Barbosa, 34, costuma controlar as vontades das filhas. Saiu para comprar com as duas, Júlia Luísa, 8, e Esther Ellen, 9, mas já tinha alertado sobre o orçamento. Rafaela decidiu fazer uma concessão para as filhas: deixou que escolhessem o estojo (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) “Esse ano foi bem mais salgado. A gente não deixa elas darem muito palpite, porque se dermos ousadia, vão querer os mais caros. Felizmente, elas são compreensivas”, contou Rafaela. Só pelos livros da mais velha, que passou para o 4º ano, chegou a pagar mais de R$ 800, além do material escolar, que saiu por R$ 379. Os livros da mais nova, que vai começar o 1º ano, custaram R$ 544. 

Esse ano, ela e o marido fizeram uma concessão para cada uma das duas: deixaram que escolhessem os estojos. “Elas insistiram tanto que a gente vai procurar. O estojo mais simples que vi foi R$ 17,90, mas os que têm personagens chegam a R$ 40, R$ 50. Elas querem de unicórnio, de glitter”, explica. 

Temáticos Desde o mês passado, a Livraria Lapa tem recebido mais de 100 pedidos de orçamento por dia, seja pessoalmente, seja por email. “Os temas mais procurados para meninas são sereias, unicórnios e a boneca LOL, que já tinha sido sucesso ano passado. Dos meninos, muitos procuram a de Lucas Neto e de Porto Papel”, conta a vendedora Jéssica Santos, 27, que foi contratada para trabalhar como reforço para a época de compras escolares. 

Os preços de itens de papelaria costumam variar justamente pelo tema. O caderno de 10 matérias da marca Tilibra mais simples sai por R$ 15,95 na Livraria Lapa. No entanto, um caderno da Capricho ou dos Vingadores com o mesmo número de matérias e da mesma marca sai mais do que o dobro: R$ 36,90 por cada um. 

O preço varia em outros estabelecimentos, mas chegou a R$ 51,90 na Livraria 2M, também na Avenida Joana Angélica. “Os pais saem pesquisando porque muitos filhos querem material de personagens famosos, que acabam sendo mais caros. Acabam voltando onde acham mais barato”, afirma a vendedora Liliane Castro. Na Casa Monteiro, onde ela trabalha, costuma dar alternativas para os pais que querem economizar. 

Uma mochila do Max Steel, por exemplo, sai por R$ 179,90, enquanto a lancheira custa R$ 39,90. No entanto, um kit com mochila e lancheira do Marx Team – um personagem que lembra o primeiro – é vendido por R$ 140. 

Pela mesma lógica, uma mochila da LOL na Livraria 2M é vendida por R$ 299. Se a pessoa quiser a lancheira, deve pagar mais R$ 94,90. Por outro lado, é possível comprar um kit com mochila e lancheira com estampa de estrelas por R$ 129,90. 

Antes de comprar a mochila da filha Maria Alícia, 10, a recepcionista Cláudia Souza, 41, passou por três lojas. Quando encontrou – um modelo de costas em um tecido tactel verde –, decidiu comprar logo. Era o pedido da filha, que queria combinar com o estojo da mesma cor. “Ela já tinha falado que queria e o preço está bom, por isso vou levar logo. Vai sair por R$ 99”, explica Cláudia. 

Pais devem preparar emocional dos filhos na hora das compras, diz educadora financeira Mesmo que o gasto com material escolar seja alto, é possível se organizar e gastar menos. Pelo menos, é o garante a educadora financeira comportamental Meire Cardeal, psicóloga especialista em finanças. Uma alternativa para os livros é comprar exemplares usados. 

Essa iniciativa pode ser feita nas escolas ou partir de uma demanda dos próprios pais. “Outra coisa bacana é a compra em grupo. Hoje, com grupos de Whatsapp, é possível juntar alguns pais e mães para negociar um desconto”, exemplifica. 

Ela defende, porém, que os pais encontrem um momento para conversar com os filhos sobre questões financeiras – não apenas sobre a compra de material escolar, mas sobre o orçamento da casa como um todo. A partir dessa conversa, seria mais fácil fazer a criança ou o adolescente entender que é possível trocar um caderno que só é mais caro por ter um personagem por outro mais em conta. “Essa conversa significa não necessariamente levá-la na hora da compra. Se levar, que seja no objetivo de educá-la. Se levar a criança sem trabalhar emocionalmente, os pais podem cair numa armadilha. É preciso fazer um trabalho emocional e educativo. Não é fácil, mas é possível”, acredita. Um hábito que pode ser adotado nas famílias é incluir essas despesas anuais nos gastos mensais. A cada mês, é possível reservar um percentual para os custos do início do ano. 

“Se a minha renda não é suficiente para tirar um valor que seja compatível com o ano seguinte, algum valor já ajuda. E algumas pessoas até conseguem pagar, mas não planejam o futuro. Organizar e economizar sempre dá uma vida melhor, mesmo para quem tem condições. Não é só para quem está apertado”. 

Lista deve pedir apenas o que tiver finalidade pedagógica Nem sempre o material pedido pela escola deve ser comprado pelos pais. Segundo o superintendente do Procon-BA, Filipe Vieira, os colégios só podem pedir itens que tenham finalidades didático e pedagógicas para o aprendizado da criança. “Tudo que for usado para o ensino da criança e usado diretamente pela criança pode ser pedido em lista de material. Com isso, por exclusão, não pode ser pedido o que é de uso da instituição ou de uso exclusivo do professor”, explica Vieira, citando materiais de limpeza. A melhor forma de descobrir a finalidade de cada item é pedir o planejamento de uso do material ou o plano de trabalho, além da lista. Além disso, os pais podem perguntar quando aquele material será utilizado. Se é para uma atividade que só vai acontecer no segundo semestre, não é preciso comprar agora. 

“Outra dica é verificar se todos os itens precisam ser novos ou podem ser reutilizados do ano anterior. Uma régua vai ser sempre uma régua, assim como um esquadro ou uma tabela periódica”. 

Se os pais tiverem alguma suspeita de irregularidade, podem procurar orientação em um posto de atendimento do Procon. Uma vez constatado o problema, o Procon pode notificar a escola, que deve apresentar defesa. Se for comprovada irregularidade, a escola pode ser penalizada e ter que pagar uma multa que vai de R$ 600 a R$ 6 milhões, dependendo do número de pessoas atingidas. 

Confira o que não pode ser solicitado nas listas de material escolar:  - Material de limpeza;  - Material administrativo (ex.: grampo, grampeador, porta-recados, classificadores que não sejam utilizados pela criança); - Mais do que uma resma de papel ofício;  - Material coletivo (ex.: cadeiras, estantes, toner de impressora);