Projeto em parceria com Instituto Ayrton Senna vai regularizar a situação de estudantes de Salvador

Ação lançada pela prefeitura pretende corrigir distorção idade/série de estudantes

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  • Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2016 às 08:32

- Atualizado há um ano

A Prefeitura de Salvador lançou, na tarde de ontem, o programa Idade Certa, que pretende regularizar a situação de estudantes com distorção idade-série, ou seja, aqueles que possuem um atraso de dois anos ou mais de idade em relação à série que cursam. Em parceria com o Instituto Ayrton Senna (IAS), o programa  pretende organizar o fluxo escolar para que a criança volte a cursar a série compatível com a sua idade. Na cerimônia de lançamento estavam presentes o prefeito ACM Neto, a vice-prefeita Célia Sacramento, o secretário municipal de Educação (Smed) Guilherme Bellintani e Viviane Senna, presidente do IAS. “Nossa ideia é que em cinco anos a gente possa praticamente zerar a quantidade de alunos que estão atrasados em nossa rede”, disse Neto.  Ao todo, 28 mil alunos apresentam a defasagem na rede municipal - que possui 145 mil estudantes.Bellintani, Viviane Senna e ACM Neto: parceria por mais de cinco anos (Foto: Angelo Pontes/Agecom)Os cerca de oito mil alunos da rede municipal que farão parte do programa serão colocados em classes especiais. Quem ainda não sabe ler ou escrever vai para a classe Se Liga, focado na alfabetização; quem já sabe, vai para a Acelera. Ao final, os estudantes bem avaliados dão um salto no ano letivo seguinte. “Em geral, eles saltam dois anos. Vão do 5º para o 7º ano, por exemplo, mas já tivemos casos de alunos saltarem três anos”, afirma a coordenadora pedagógica da Smed, Joelice Braga. “Educação não é um privilégio de poucos, ela deve ser um direito de todas as crianças de darem certo na escola para poderem dar certo na vida. Aquelas que estão atrasadas vão poder ter esse direito, fazendo com que elas acelerem e cheguem lá na linha de chegada vitoriosas”, afirmou Viviane Senna.Treinamento Os alunos recebem material didático específico, elaborado pelo IAS. Os diretores, vice-diretores, coordenadores pedagógicos e professores de cada uma das escolas participantes recebem um treinamento logo no início do ano letivo. Este ano, 165 escolas terão turmas de Se Ligue e Acelera. “A parceria com o IAS é, semdúvida, um ganho para a cidade de Salvador. O instituto já tem experiências exitosas com muitas cidades brasileiras, com redes estaduais em todo o país. A gente tem exemplos do sucesso desse programa”, declarou o prefeito ACM Neto.Até em Salvador já há essa experiência. Apesar de não ter sido lançado publicamente, a Smed testou o programa no ano letivo 2015. Oito mil alunos, de 192 escolas, frequentaram aulas do Se Ligue ou do Acelera. Segundo Bellintani, mais de 80% dos estudantes foram aprovados e avançaram para a série correta ou mais próxima. “A gente fez questão de só lançar no segundo ano, depois que o projeto já estava testado, experimentado, amadurecido. Se tudo der certo, vamos buscar essas 28 mil crianças”, concluiu o prefeito.O prefeito comentou ainda o possível motivo para os 28 mil alunos com distorção idade-série, cerca de 20% do total de estudantes da rede municipal de ensino. “A gente sabe que, muitas vezes, esse atraso deriva de um problema histórico da própria rede. Da falta de presença, de assistência, de acompanhamento da rede de educação. É preciso dar um tratamento diferenciado a essas crianças”, analisou ACM Neto.ExemploA diretora da Escola Municipal Fernando Presídio, localizada no bairro de Paripe, aprovou o programa, embora acredite que ele precise ter prazo de validade. “Se após esses cinco anos continuarmos precisando do programa, significa que a rede não venceu essa distorção idade/série”, alerta Cássia Santos. Sua escola teve pouco mais de 40 alunos no Se Liga, distribuídos em duas turmas, e 50 alunos no Acelera, também distribuídos em duas turmas. “Percebemos que essas turmas tiveram um resultado bacana ao final do ano letivo. Quase 90% dos alunos do Se Liga foram alfabetizados. Dos alunos do Acelera, apenas seis alunos não foram aprovados. Posso te dizer que eles evoluíram”, afirma.Cássia também adotou recentemente a pequena Alessandra, de 11 anos. Estudante da Fernando Presídio, Alessandra participou do Acelera ano passado. “Posso te dizer que minha filha lê, escreve, interpreta. E não teria sido assim se o programa fosse ruim”, conta.