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Maysa Polcri
Publicado em 21 de maio de 2025 às 15:23
Aos poucos e graças ao trabalho manual de especialistas e voluntários, um coral invasor que afeta a biodiversidade local é removido da Baía de Todos-os-Santos. Na terça-feira (20), a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) estadual divulgou que 2.939,425 quilos da espécie foram retirados da Ilha de Itaparica, ponto que concentra a maior parte do coral. >
A operação subaquática, que começou na última sexta-feira (16) e seguiu até terça-feira (20), mobilizou instituições públicas, ONGs e universidades em um esforço conjunto de conservação marinha. Agora, o trabalho entra em uma nova fase, o monitoramento das áreas afetadas pelo octocoral. O CORREIO acompanhou uma das primeiras expedições de combate ao invasor em janeiro deste ano. >
Na época, os especialistas testaram qual seria o melhor método para a remoção da espécie. Os experimentos mostraram que a retirada manual é a forma mais eficaz. O coral do tipo Chromonephthea braziliensis compete por espaço com corais locais e libera substâncias químicas que dificultam sua predação e podem provocar necrose em outros organismos marinhos.>
Apesar da nomenclatura, o coral não tem origem no Brasil e foi identificado pela primeira vez no Rio de Janeiro, na década de 1990. Agora, a espécie ameaça a maior baía do Brasil. Inicialmente, a espécie foi identificada nos pilares da Marinha, na praia conhecida como Píer do Vapor, em postes de navegação e em um recife próximo à Ilha do Medo, na Baía de Todos-os-Santos. >
O invasor não foi identificado em Salvador, mas os especialistas temem que a reprodução acelerada prejudique o ecossistema como um todo, inclusive na capital. A hipótese mais provável é que o bioinvasor tenha chegado através de plataformas de petróleo trazidas do Rio de Janeiro. Ele é natural do Oceano Índico, na costa da Singapura, país asiático. Por ser de fora, o coral provoca danos à biodiversidade local ao competir por alimentos com as espécies locais. >
Combate ao coral invasor
Todo o material recolhido durante os cinco dias de ação foi separado em duas categorias. Uma parte será enviada ao aterro sanitário para descarte adequado. A outra será encaminhada à Oficina Carbono 14, onde passará por um processo de secagem e preparação antes de ser destinada ao Cimatec e à Embrapa. O objetivo é investigar possíveis formas de reaproveitamento do coral removido.>
ação foi coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), com atuação direta da ONG Pró-Mar. O trabalho contou ainda com o apoio da Marinha do Brasil, da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ibama e de universidades.>