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Carolina Cerqueira
Publicado em 8 de abril de 2021 às 20:42
- Atualizado há 2 anos
Por conta dos estragos causados pelas fortes chuvas que ocorreram nesta quinta-feira (8), em Salvador, Eliene, de 48 anos, que está desempregada, viu sua casa, que ela mesma ajudou a levantar, destruída. No imóvel, que fica na Rua Gildelia Santos, no bairro de Novo Marotinho, moravam a filha, Evelyn, o genro, Bruce, e o neto Ravi, de apenas 1 ano. Os três estavam em casa quando perceberam os sinais de desabamento por volta das 6h e conseguiram correr. Ninguém ficou ferido. >
“Eles estavam dormindo. Aí meu genro acordou e viu as rachaduras na parede. Foi o tempo dele pegar o menino e correr. Quando saiu, a casa veio abaixo, foi questão de segundos”, contou Eliene, emocionada. A família morava na casa há cerca de 1 ano e 5 meses e agora está abrigada em um imóvel cedido por voluntários no bairro de São Caetano. >
A correnteza, vinda de uma escadaria próxima ao imóvel, atingiu um muro que provocou o desabamento parcial da casa. O cômodo mais atingido foi o quarto de Ravi. O berço da criança, que estava vazio no momento do incidente, foi rachado ao meio. “Graças a Deus ele estava com a mãe na cama bem na hora. E a gente mudou a posição do quarto recentemente porque era mais ventilado. Se não fosse isso, teriam morrido os três”, relatou a avó de Ravi. >
A Codesal informou que vistoriou o imóvel, e a família foi notificada para evacuar o local permanentemente. A equipe acionou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) para efetuar a demolição total do imóvel e ainda a Secretaria de Manutenção (Seman) para avaliar as medidas necessárias e a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) para colocação de lona. >
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Alertas de deslizamento Depois de um mês de março de pouca água e muito calor, a chuva atrasou mas chegou. Salvador amanheceu com forte chuva nesta quinta-feira (8), seguindo a previsão da Codesal. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu alerta de deslizamentos de terra, sobretudo nas áreas de risco da capital. >
Outro caso de desabamento aconteceu no bairro de Cajazeiras 11, na Rua das Hortências, no Loteamento Santa Bárbara. Houve desabamento de parte do muro de contenção e alvenaria de bloco localizado no fundo do imóvel, atingindo a parede da cozinha e causando rachaduras. Técnicos da Codesal vistoriaram o local, e os moradores foram notificados para deixar o imóvel até que o risco seja sanado. A Limpurb foi acionada para realizar a retirada dos escombros e fazer a colocação de lona. A Sedur também foi chamada para efetuar a demolição das partes remanescentes do muro.>
A pista ficou molhada por toda a cidade e houve pontos de alagamento em alguns locais, como o bairro da Calçada, a região dos Mares, o Caminho de Areia, além de Paripe, São Cristóvão, Alto do Cabrito, Campinas de Pirajá e Simões Filho. Em Itapuã, os estragos aconteceram na Rua Lafayete Coutinho. Segundo os moradores, a água invadiu as casas e móveis foram perdidos. >
“A rua ficou inundada, a água invadiu quase todas as casas. Teve um morador que perdeu praticamente tudo. É uma situação recorrente, essa não foi a primeira vez, todo período de chuva é isso. A gente compra móveis e, quando a chuva vem, danifica tudo. Hoje a água atingiu minha geladeira, minha máquina de lavar e meu guarda-roupa, mas eu consegui levantar cama e sofá”, relatou o morador Rivaldo Oliveira. As chuvas também deixaram alagada a 3ª Travessa Getúlio Vargas, em Campinas de Pirajá (Foto: Leitor/CORREIO) Até as 19h30 desta quinta-feira (8), a Defesa Civil de Salvador (Codesal) identificou 314 ocorrências, sendo a maioria no Subúrbio/Ilhas, Cajazeiras e Itapuã/Ipitanga. Foram 93 imóveis alagados, 10 desabamentos, 2 quedas de árvores e 24 deslizamentos de terra.>
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram registrados, em 6h de chuva, mais de 130mm de água, volume que corresponde à totalidade de um mês inteiro de verão. As temperaturas caíram. Até a tarde desta segunda, a mínima registrada foi de 23ºC e, a máxima, de 27,4ºC. Nos dias anteriores, a temperatura mais elevada foi de 31ºC. Segundo a meteorologista do Inmet, Cláudia Valéria da Silva, as chuvas continuam e a população deve ficar atenta.“Estamos com alerta de perigo para todo o litoral da Bahia, com mais atenção para a Região Metropolitana de Salvador, Recôncavo Baiano e Salvador. A previsão é de mantermos esse estado de atenção e cuidado para os próximos dias, inicialmente até sábado (10). Quando a chuva persiste, o alerta deve ser ainda maior devido ao acúmulo”, ressaltou. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de que o tempo se mantenha nublado, instável e chuvoso nos próximos dias. De acordo com a Codesal, para a sexta-feira e o final de semana, a previsão é de chuvas moderadas a fortes com riscos para alagamentos e deslizamentos de terra. Não se descarta a possibilidade de acumulados de chuva expressivos em alguns pontos da capital. A Codesal mantém plantão de 24h todos os dias da semana. Em caso de emergência, disque 199.>
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >