Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gil Santos
Publicado em 11 de agosto de 2015 às 15:54
- Atualizado há 2 anos
Nova coleta (Foto: Marina Silva)Sabe aquelas várias sacolas com vidro, plástico, papel, alumínio e outros materiais recicláveis que você usava para separar o lixo? Elas não serão mais necessárias. Quem quer contribuir com a coleta seletiva não precisa mais separar o material de forma tão minuciosa. Basta fazer a divisão entre reciclável e não reciclável e entregar o lixo seco em um dos 200 Pontos de Entrega Voluntária (PEV) criados pela prefeitura.>
De acordo com o secretário da Cidade Sustentável (Secis), André Fraga, em média, 74 toneladas de lixo são produzidas em Salvador todos os meses. Desse total, 46% tem potencial para ser reciclado, mas menos de 1% é reaproveitado de fato.>
“Hoje esse trabalho é realizado pelas cooperativas através da parceria com algumas empresas. A ideia é conscientizar o cidadão e o inserir nesse processo também. Nós trabalhamos, num primeiro momento, com o setor privado, incentivando as empresas a fazer a coleta seletiva. Agora, estamos voltados para o cidadão”, explicou o secretário. >
Os primeiros 50 pontos de coletas serão implantados ainda este mês. Os contêineres têm 2,5 m³. Praças e largos são algumas das opções de onde instalar os coletores. A recomendação é de que o material seja entregue impo e o investimento é de R$ 2 milhões, com recursos do município. >
Nesta terça-feira (11), o prefeito ACM Neto anunciou o Programa de Coleta Seletiva em um evento na Cooperativa de Agentes Autônomos de Reciclagem (Coopcicla), na Sete Portas. “Estamos dando um passo significativo para ampliar a coleta seletiva em nossa cidade. Nós vamos espalhar 200 pontos de coletas. As pessoas vão separar o lixo dentro de casa e através de um aplicativo na internet vão localizar onde estão esses pontos na cidade e depois a prefeitura vai até lá e recolhe o lixo”, afirmou o prefeito.>
Segundo a assessoria da prefeitura, os primeiros bairros a receber os contêineres, ainda essa semana, são Nazaré (em frente ao Colégio Salesiano); Barbalho (Colégio ICEA); Dois de Julho (Praça General Inocêncio Galvão); Brotas (Escola Estadual Luiz Viana); Campinas de Brotas (próximo ao cemitério Jardim da Saudade); Dique do Tororó (Avenida Vasco da Gama, próximo à Arena Fonte Nova); e Campo Grande (em frente ao Teatro Castro Alves). São Caetano, Ribeira, Liberdade, Barra, Federação, serão contemplados nas semanas seguintes.>
Aplicativo ajuda na localizaçãoPara facilitar a localização dos contêineres a prefeitura lançou o aplicativo Coleta Seletiva Salvador que informa a posição de casa um deles. O recurso entrou em ação nesta terça-feira (11) e pode ser baixado de forma gratuita. >
O aplicativo indica também locais de recebimento de medicamentos, óleo de cozinha, eletrônicos, pilhas e baterias (locais definidos com parceiros da prefeitura). Há ainda informações dos ecopontos, onde podem ser descartados entulhos, restos de poda e cacarecos, a exemplo de móveis e eletrodomésticos velhos, com até 2m³. O ecoponto localizado atrás do Hiperposto, por exemplo, funciona de segunda a sábado, das 7h às 17h. >
O prefeito destacou ainda outro programa que está em análise no banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). A proposta é ampliar a coleta seletiva para ações de porta em porta. Para isso será necessário um recurso de R$ 32 milhões. Segundo o ACM Neto, a proposta ainda está sendo avaliada pelo banCidade terá novos pontos de coleta (Foto: Marina Silva)>
CulturaEntre os desafios que a prefeitura terá que enfrentar na implantação do programa, está fazer o soteropolitano mudar de hábito. “As pessoas não têm o hábito de separar o lixo. Já me cortei algumas vezes recolhendo material porque as pessoas, mesmo com o aviso na lixeira, descartam de maneira errada”, contou o catador Marcos Anunciação, 36 anos. >
Ele trabalha há cinco anos recolhendo material reciclável e acredita que a medida só terá efeito se a população se conscientizar e descartar o material de forma correta. Para o prefeito ACM Neto a participação da população também é essencial. >
“O sucesso passa pelo envolvimento do cidadão é preciso uma mudança cultural para a gente entender que reciclar é garantir mais vida para a cidade, mais qualidade de vida para quem mora em Salvador. Isso depende também de cada um fazer sua parte e ajudar a cidade”, disse.>
Depois de recolher o lixo, a prefeitura vai repassar o material para as cooperativas, responsáveis por fazer a triagem detalhada dos produtos. Segundo o secretário André Fraga, existem 18 cooperativas cadastradas no município, mas apenas seis estão em condições de receber o programa. >
As cooperativas Coopcicla, Cooperativa Reciclável de Canabrava (Coperbrava), Cooperativa de Agentes Ecológicos de Canabrava (Caec), Catadores de Nova República (Canore), Cooperativa dos Recicladores da unidade do Ogunjá (Cooperbari) e Companhia Cooperativa de Coleta Seletiva, Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (Camapet). Fazem parte do processo. A prefeitura vai entregar o material para todas as seis, mas de maneira alternada, sendo uma por semana.>
CapacidadeA apresentação do programa aconteceu na sede da Coopcicla, instituição que atua há 19 anos no mercado. A cooperativa emprega 15 trabalhadores e produz cerca de 130 toneladas de material reciclável por mês. De acordo com o presidente da empresa, Edson Cabral, a expectativa é de que os números sejam ampliados.>
“O programa da prefeitura vai aumentar a quantidade de material reciclável que a gente recebe, isso vai ajudar a melhorar os salários e, possivelmente, aumentar a quantidade de empregos”, disse.>
A produção da empresa será impulsionada também devido a aquisição de novos equipamentos. Através de uma parceria entre a prefeitura, o Solar Coca-cola e o Instituto Coca-Cola Brasil, a cooperativa recebeu duas mesas novas de pré-triagem, uma esteira para triagem, uma prensa, um elevador de fardo e dois carrinhos de coleta. >
“Além desse maquinário, estamos em parceria com cinco escolas públicas e privadas de Salvador para fomentar a coleta seletiva entre os alunos, discutindo esse assunto nas salas de aula”, contou a Gerente de Sustentabilidade, Deraldina Ramos. >
Para o catador Marcos Anunciação, 36 anos, no entanto, as melhores mudanças serão em relação a qualidade do trabalho. “Eu estava acostumado a ter que imprensar e carregar os fardos pesados para colocar no caminhão, tinha que pegar o material com as mãos. Agora temos luvas, elevador e prensa para fazer esse serviço. Isso foi uma benção”, contou o trabalhador.>
Ele ganha cerca de R$ 700 por mês, salário que ajuda na criação de dois filhos de 6 e 4 anos. A estimativa da cooperativa é poder dobrar a quantidade de trabalho e também o salário dos funcionários.>