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Wendel de Novais
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 10:15
Quem caminhar pelas imediações do Farol da Barra, cartão postal de Salvador, pode se surpreender e se assustar com pichações da sigla da facção do Terceiro Comando Puro (TCP) nas balaustradas de um dos principais pontos turísticos da cidade. As iniciais de facções, que estão espalhadas pela capital, indicam a presença de grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas.>
No caso da Barra, as marcas do TCP não apareceram do dia para noite, considerando relatos de quem anda pelo local e o estado da tinta marcada nas balaustradas. Por lá, há ao menos cinco pichações das iniciais do grupo criminoso marcadas na área que fica perto do Barravento, já nas proximidades da Avenida Oceânica. >
Facção marcou iniciais em balaustradas na Barra
Em território soteropolitano, como já foi noticiado em reportagem do CORREIO, as pichações do TCP, que é uma facção rival do Comando Vermelho (CV), apareceram primeiro em Mussurunga e, depois na Vila Verde, em associação do Bonde do Maluco (BDM). Os dois grupos se uniram para fazer frente ao CV na cidade e, por isso, as marcas do TCP foram se espalhando para áreas em que o grupo tem atuação. >
A pichação na Barra acende um alerta para a chegada do grupo no local em parceria com a facção baiana. Isso porque a aliança entre BDM e TCP, selada no início do ano passado em Santo Amaro da Purificação e Jacobina, é uma ameaça à segurança pública. Isso porque a presença do grupo carioca, maior inimigo do CV, pode acirrar as disputas e a violência em pontos da capital em que o grupo apareça. >
No Rio de Janeiro existem três facções: o CV, TCP e a ADA (Amigo dos Amigos) - esta última beira a extinção, pois seus membros mais importantes migaram para o TCP, o que ajudou na expansão da organização no estado. A chegada do Terceiro Comando Puro à Bahia, em especial à Salvador, é uma condição “preocupante”. >
Facção marcou iniciais em balaustradas na Barra
Para o co-fundador da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, Dudu Ribeiro, a chegada de uma nova facção no bairro faz com que os conflitos motivados pela disputa de territórios se intensifique pela necessidade de uma reconfiguração das forças que já atuam naquele espaço. "É necessário perceber que todas essas formas de organização são resultado direto de uma lógica de guerra assumida pelo Estado. Para desmontar essas ações, é necessário que se faça um processo de desmonte da própria lógica de guerra", afirma. >
Dudu aponta para a escalada da presença de facções em bairros nobres e turísticos como a Barra como uma consequência da violência presente em toda a capital baiana. "O cenário de violência acirrada pela guerra às drogas, historicamente, se concentra nos bairros negros e periféricos, que são os bairros violentados nessa cidade. A violência que chega em bairros chamados nobres é residual nesse sentido", explica.>