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Da Redação
Publicado em 20 de março de 2009 às 11:10
- Atualizado há 2 anos
A Vila Brandão, reduto de casas populares há mais de 60 anos espremida entre a Ladeira da Barra e a Baía de Todos os Santos, será desapropriada pela prefeitura. >
A notícia foi confirmada ontem pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Sedham). O decreto com a medida estava previsto para ser publicado hoje no Diário Oficial do Município. >
A desapropriação engloba uma área de 17,7 mil metros quadrados do terreno pertencente à construtora portuguesa Imocon, a mesma responsável pela construção do Hotel Hilton, no Comércio.>
Um outro decreto, publicado na quarta, também desapropriou uma área vizinha de 836,79m², contígua ao terreno do Yatch Clube, e que foi motivo de recente disputa judicial entre o clube e a construtora Marka, que possuía planos de erguer um apart-hotel no local. >
“Os estudos técnicos vêm sendo feitos há algum tempo, mas a decisão foi tomada há 15 dias”, revela a assessora chefe da Sedham, Renilda Menezes. Na área a ser desapropriada, a prefeitura planeja realizar obras de reurbanização, com a construção de um mirante e um acesso facilitado à área. >
Menezes também confirmou a intenção de desapropriar os imóveis da vila. Atualmente, o único acesso pavimentado à Vila Brandão é feito do Largo da Vitória, por meio de uma íngreme escadaria, ou uma ladeira. >
Por lá, a reação foi de surpresa quando a reportagem chegou, na tarde de ontem, trazendo a notícia e o mapa da área que será desapropriada. “João Henrique não impediu que o Yatch Clube retirasse o parquinho das crianças da vila, e vai querer tirar a Vila Brandão daqui?”, indigna-se o vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Brandão, o carpinteiro naval Roberval Ribeiro, 36 anos, 20 deles passados na vila, fazendo referência à polêmica disputa entre os moradores e o clube em 2007. >
Pelas contas da associação de moradores, cerca de 350 famílias vivemem 200 casas, amontoadas na encosta da Ladeira da Barra. Em sua maioria, são pescadores, vigilantes, domésticas e outros profissionais cuja renda não alcança o IPTU e os altos aluguéis da vizinhança acima. >
“As pessoas não estão dispostas a abrir mão da paz e da segurança daqui em troca de uma indenização. Aqui nembriga de vizinho tem. Esse projeto vai para a gaveta”, avisa a chefe de cozinha Ana Patrícia da Silva, 35 anos, presidente da Associação de Moradores, vivendo na Vila Brandão desde que tinha 10 anos. >
(Notícia publicada na edição de 20/03/2009 do CORREIO)>