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Portal Edicase
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 17:44
As férias escolares de fim de ano estão se aproximando, trazendo uma oportunidade especial para as famílias aproveitarem ainda mais a presença das crianças. Para aquelas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), alguns cuidados, orientações e sugestões podem tornar esse momento ainda mais divertido, alegre e prazeroso. >
“Muitas pessoas cuidadoras ainda se preocupam ao viajar com crianças autistas, especialmente durante as férias, quando é comum visitar lugares novos e mais movimentados. Porém, ao planejar a viagem, é fundamental oferecer previsibilidade, fazer combinados com todos os envolvidos e incluir esses cuidados no planejamento para garantir uma experiência mais agradável e memorável para a criança e a família”, explica a psicóloga e orientadora da Genial Care, Caroline Rorato. >
É comum que as pessoas autistas se apeguem à rotina, pois ela proporciona previsibilidade e evita surpresas, ajudando a lidar com o mundo ao redor. Alterações na rotina, como mudanças de casa ou ajustes em atividades diárias, podem gerar desconforto e até mesmo sobrecarga sensorial, levando a crises, por exemplo. >
Caroline Rorato ressalta a importância de os cuidadores reconhecerem que a interrupção nas atividades escolares e a alteração na rotina podem causar desconforto à criança. “As interações com a criança devem ser cuidadosamente planejadas e executadas neste período, em que são comuns situações em que a criança pode se expor a diferentes estímulos”, destaca. >
A seguir, Caroline Rorato elenca 5 dicas para aproveitar melhor a viagem de férias com as crianças. Confira! >
É de total importância fornecer antecipadamente todas as informações relevantes para a criança, mantendo contato com a equipe multidisciplinar que a acompanha. Crie um roteiro para facilitar a compreensão da criança autista nesse momento. >
Descreva para onde vão, como irão, o tempo da viagem, explicando de maneira nítida o que é permitido e o que não é, contando histórias sobre o destino, como memórias divertidas relacionadas aos avós. Leve os brinquedos favoritos da criança ou, até mesmo, os itens regulatórios dela, sempre descreva o que está acontecendo, principalmente se forem experiências novas. Não force situações ou experiências que ela não queira fazer para não causar aversão. >
Os recursos visuais são valiosos na comunicação alternativa para pessoas no espectro autista. Antes da viagem, busque criar uma rotina visual especial com ilustrações que representem as atividades planejadas para o passeio, ou desenhos que mostrem o passo a passo da viagem. Mostre fotos do local onde ficarão hospedados, das paisagens, de pontos interessantes para a criança. >
Os pais podem criar um quadro visual com as “etapas” que acontecerão em determinado dia ou situação, já repassando com a criança anteriormente e até mesmo usando histórias sociais para ajudar com possíveis desconfortos. >
Aproveite passeios rápidos, como em parques ou praças, para fazer um treinamento. Reveze as áreas mais movimentadas com lugares mais tranquilos para a criança se regular e esteja atento aos sinais de desconforto ou sobrecarga sensorial. Observar como a criança reage a novos estímulos durante esses passeios pode contribuir para entender como será a viagem. >
Além de fornecer previsibilidade para a criança autista, é fundamental comunicar-se com outros participantes da viagem. Quando visitarem familiares ou amigos, explique as limitações, estabeleça acordos e compartilhe informações sobre as rotinas e preferências únicas da criança com TEA. >
Informe também os hotéis e meios de transporte sobre as necessidades especiais, aproveitando os direitos garantidos para facilitar o acesso e evitar situações estressantes. O uso do cordão de quebra-cabeça, símbolo internacional que identifica pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), facilita a identificação e o acesso a direitos para pessoas com autismo em locais diversos. >
Além da identificação e comunicação aos meios de transporte em geral, como ônibus, vans, carros, entre outros, quando uma pessoa com autismo viaja de avião, a lei garante um benefício para o acompanhante. Isso significa que a pessoa com autismo paga o valor completo da passagem, sem desconto, enquanto o acompanhante paga apenas 20% do valor original mais a taxa de embarque. Essa regra é estabelecida pela Resolução n.º 280, de 11 de julho de 2013, da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). >
A resolução garante esse desconto para acompanhantes de passageiros com deficiência que não podem viajar e aproveitar sozinhos. E como o autismo é considerado, legalmente, uma forma de deficiência, os direitos garantidos para Pessoas com Deficiência (PCDs) se estendem também às pessoas autistas. >
Para usufruir deste desconto, é necessário comprovar a necessidade de acompanhante, sendo esse maior de 18 anos e apto a prestar auxílio para as assistências necessárias. O acompanhante deve viajar na mesma classe e no mesmo voo do passageiro com TEA. A solicitação desse benefício deve ser feita junto à companhia aérea com antecedência, apresentando documentos como laudo diagnóstico, Formulário de Informações Médicas (MEDIF) assinado pelo médico da pessoa ou o Cartão Médico do Viajante Frequente (FREMEC). >
Em resumo, a viagem pode ser enriquecedora para a interação social, mas é fundamental respeitar os limites da criança e estar preparado para adaptar as atividades das férias conforme necessário. “Viajar com uma criança autista exige cuidados especiais, como oferecer previsibilidade , respeitar a rotina e utilizar estratégias visuais, garantindo uma experiência mais tranquila e agradável para todos. Além disso, estar atento aos sinais da criança e buscar ambientes mais calmos quando necessário é fundamental para proporcionar o máximo de conforto e bem-estar durante a experiência”, conclui Caroline Rorato. >
Por Letícia Carvalho >