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Portal Edicase
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 17:04
A dislexia é uma condição que influencia diretamente a leitura, a escrita e a compreensão de palavras. Embora não esteja relacionada à capacidade intelectual, esse transtorno específico de aprendizagem modifica o modo como o cérebro organiza e interpreta informações linguísticas, o que pode tornar atividades escolares e cotidianas mais desafiadoras. >
Compreender esse funcionamento é essencial para identificar sinais, oferecer suporte adequado e criar oportunidades de aprendizagem mais acessíveis e eficientes para quem convive com o transtorno. Dados da International Dyslexia Association apontam que cerca de 5 a 10% da população mundial apresentam dislexia em algum grau. >
Segundo o Dr. Heitor Felipe, professor de neurologia da Afya Goiânia, a dislexia não deve ser confundida com falta de capacidade intelectual, pois se trata de uma diferença neurológica no modo como o cérebro reconhece e interpreta sons e símbolos. “Sabemos que pessoas disléxicas têm alterações em regiões cerebrais responsáveis por associar símbolos escritos aos sons da fala, e isso ocorre de maneira completamente independente do QI (Quociente de Inteligência)”, explica. >
A pedagoga da Afya Itaperuna, professora Esther Cunha, destaca que a identificação precoce é o ponto de partida para o sucesso escolar e emocional. “Quanto mais cedo a dificuldade for reconhecida, maiores são as chances de desenvolver estratégias eficazes de aprendizagem, personalizadas e realmente significativas para o progresso do aluno. É essencial adaptar o ensino e oferecer recursos que valorizem o potencial do estudante”, afirma. >
A dislexia não tem cura, mas pode ser controlada com acompanhamento multidisciplinar, envolvendo professores, fonoaudiólogos e psicopedagogos, e o uso de tecnologias assistivas, como softwares de leitura em voz alta. >
“Essas ferramentas permitem que o aluno tenha mais autonomia e confiança no processo de aprendizagem. Oferecer recursos adequados não é um ‘benefício extra’, mas uma necessidade pedagógica que respeita o ritmo, as habilidades e as potencialidades individuais. Quando ajustamos a prática, criamos caminhos mais justos para que todos possam aprender com qualidade”, explica Esther Cunha. >
Apesar dos desafios, a dislexia também pode revelar talentos únicos. Segundo o Dr. Heitor Felipe, muitas pessoas com o transtorno desenvolvem uma forma de pensar mais visual e criativa, com facilidade para resolver problemas de maneira inovadora. >
“Pessoas com dislexia têm inteligência normal e, muitas vezes, habilidades criativas e analíticas acima da média; por isso, é importante olhar além da dificuldade e reconhecer essas capacidades como um potencial de destaque”, declara o médico. >
A seguir, os especialistas da Afya apontam cinco curiosidades e mitos importantes para ampliar o entendimento sobre a dislexia. Confira! >
Pessoas com dislexia frequentemente apresentam nível intelectual dentro ou acima da média, mas encontram dificuldade especificamente em decodificação de palavras ou fluência de leitura. >
Na infância, pode haver atraso no reconhecimento das letras, inversão de “b” e “d” e hesitação ao ler. Na adolescência e na vida adulta , a leitura tende a ser mais lenta, maior dependência de audiolivros ou leitura silenciosa e frustração diante de textos longos. >
Encorajar o uso de tecnologia assistiva, adaptar tarefas e reconhecer os pontos fortes da pessoa gera melhor engajamento e resultados. >
Quanto antes for identificado o padrão de dificuldade, como problemas na consciência fonológica ou na nomeação de letras e sons, mais eficaz é o tratamento , reduzindo impactos futuros na vida acadêmica e emocional. >
Muitas pessoas com dislexia desenvolvem habilidade de pensamento visual, raciocínio fora da caixa e criatividade, justamente porque dedicam maior esforço à leitura e acabam usando outras vias cognitivas. >
Por Beatriz Felicio >