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Portal Edicase
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 19:43
O Brasil vive um processo acelerado de envelhecimento populacional, que exige novas formas de pensar o cuidado e a convivência entre gerações. O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025, “ Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira ” , evidencia a necessidade de refletir sobre como o país se organiza para essa realidade. Antecipar decisões e planejar o futuro é fundamental para preservar a dignidade, a autonomia e o bem-estar de todos os envolvidos. >
Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2050, 37,8% da população brasileira terá 60 anos ou mais. No entanto, o cuidado com o idoso ainda é marcado pela improvisação: adaptações tardias da casa, ausência de rede de apoio e cuidadores sobrecarregados. “Muitas famílias só se veem diante da necessidade de cuidado quando esta já se transforma em emergência”, afirma o geriatra Felipe Vecchi, diretor médico e operacional dos residenciais Cora e Vivace, da BSL Saúde. >
Nesses casos, tarefas, decisões e responsabilidades chegam todas ao mesmo tempo: Quem cuidará? Onde o idoso ficará? Como serão financiadas as adaptações da casa e o acompanhamento diário? “Essa cascata, do primeiro sinal à dependência iminente, faz com que o cuidado, em muitos lares, não seja resultado de escolha consciente, mas de resposta urgente”, destaca o médico. >
Planejar o cuidado não é luxo, mas uma forma de preservar a dignidade, a autonomia e o bem-estar de todos os envolvidos. Segundo o especialista, o planejamento envolve três dimensões interligadas: >
Para além do acompanhamento médico, o cuidado pode ser domiciliar, híbrido ou em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs). Segundo Felipe Vecchi, é fundamental romper o estigma de abandono associado às ILPIs. “Os residenciais seniores modernos são centros de convivência, socialização e cuidado técnico contínuo. Eles não substituem a família, apenas ampliam a capacidade de cuidado. Quando bem escolhidos, preservam vínculos afetivos e reduzem a sobrecarga emocional de quem cuida”, explica. >
O cuidado profissionalizado, portanto, não substitui o afeto familiar. Ele o potencializa, oferecendo estrutura, conhecimento e alívio para quem cuida. Quando a família e a instituição caminham juntas, o idoso vive melhor e o cuidador tem respaldo. >
Conforme o geriatra, há passos que podem ser dados em direção ao planejamento do cuidado com o idoso. Confira! >
Fale sobre o futuro de forma aberta e realista. Onde queremos estar? Quem poderá estar ao lado? Quais adaptações serão necessárias para garantir conforto e dignidade? Essas perguntas ajudam a construir um plano antes que o imprevisto aconteça. >
Pequenas mudanças fazem grande diferença. Verifique acessos, iluminação, segurança, mobilidade e conforto. Um ambiente preparado evita quedas e promove autonomia. >
Quem assumirá esse papel? Ele terá preparo, orientação e apoio emocional? O cuidado sustentável depende de uma rede de suporte bem-estruturada, e não apenas de uma única pessoa. >
Modelos domiciliares, híbridos ou institucionais podem atender diferentes perfis e fases da vida. Cada escolha traz custos, benefícios e impactos emocionais que devem ser discutidos com todos os envolvidos. >
Esquecimentos frequentes, alterações de sono, tremores ou rigidez são indicativos que merecem atenção. Quanto antes o diagnóstico, mais correto será o planejamento e melhor a qualidade de vida. >
A longevidade saudável nasce de hábitos simples, como ouvir música, exercitar o corpo e a mente, manter vínculos sociais e realizar acompanhamento médico regular. Cuidar é um ato coletivo e começa hoje. >
“Planejar o cuidado antes que ele se torne emergência não é só prudente, é amor em ação. Quando famílias , profissionais e instituições se unem em torno desse propósito, o envelhecer deixa de ser sinônimo de vulnerabilidade e se transforma em capítulo de vida plena, respeitada e assistida”, finaliza Felipe Vecchi. >
Por Andressa Marques >