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Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2015 às 12:12
- Atualizado há 2 anos
Com 693 mortes por dengue confirmadas, o Brasil já registrou no ano recorde de vítimas da doença, revela o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. É o número mais alto desde 1990, o dado mais antigo disponível. O recorde anterior havia sido registrado em 2013, com 674 óbitos. As estatísticas consolidadas só consideram os registros de 4 de janeiro até o dia 29 de agosto, o que indica que o balanço final do ano pode ser maior.País bate recorde de vítimas por dengue (Foto: Divulgação)Ainda de acordo com o boletim, nos oito primeiros meses de 2015, houve 1,4 milhão de casos da doença, dos quais 1.284 foram classificados como quadros graves. O número de óbitos em 2015 é 70% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 407 pessoas morreram. O recorde de mortes foi alavancado pela epidemia no Estado de São Paulo, onde 667,5 mil pessoas foram infectadas.>
Do total de brasileiros que morreram neste ano por causa da doença, 58% viviam em cidades paulistas, o equivalente a 403 óbitos. Goiás foi o segundo Estado com o maior número de mortes: 67, seguido por Ceará (50), Minas (47 e Paraná (24). Só quatro Estados não registraram nenhuma morte: Acre, Roraima, Sergipe e Santa Catarina.>
Agravamento As mortes por complicações da dengue são divididas em dois tipos mais comuns: a febre hemorrágica e a síndrome do choque da dengue. No primeiro caso, o vírus ataca órgãos como o fígado, o que reduz a produção de plaquetas, células responsáveis pela coagulação, causando sangramentos internos e externos. >
No segundo caso, o organismo passa a produzir células de defesa em excesso para tentar combater a infecção. A reação, no entanto, pode ser tão exagerada que o sistema imunológico passa a atacar o próprio corpo. >
“O número elevado de mortes está associado ao alto número de casos que tivemos neste ano. Mas o recorde levanta um alerta de que a população precisa estar melhor informada para não banalizar os sintomas”, diz Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas. >
Ele lembra que a atenção deve ser ainda maior para os grupos considerados mais vulneráveis ao agravamento da doença: idosos, crianças, gestantes e pacientes com doenças crônicas ou com baixa imunidade.>
“Não é preciso esperar os sintomas se agravarem. Febre alta, dor no corpo e nos olhos já indicam a necessidade de procurar um médico.” O especialista afirma que, para evitar que o próximo verão tenha uma epidemia ainda mais severa de dengue, o trabalho de combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti deve ser feito desde agora.>
“Não devemos esperar a chegada do fim do ano para fazer alguma coisa. Já há cidades mais quentes do interior de São Paulo que já estão tendo transmissão da doença”, diz o médico. O governo do Estado já convocou secretários municipais para debater o tema. >
AçõesO Ministério da Saúde alegou que o número de mortes por dengue abrange um número maior de municípios do que nos outros anos e, em sua maioria, teve como vítimas pacientes “acima dos 60 anos, com comorbidades e fatores de risco para complicação de dengue”. A pasta diz que sua coordenação nacional de controle de dengue está trabalhando em conjunto com os Estados e municípios para “análise técnica e conclusão das investigações de todos os casos”.>
O órgão federal disse ainda que manteve, durante todo o ano, as ações para o controle da dengue, como realização de curso para profissionais de saúde e visitas técnicas de monitoramento. Ressalta que, como fez nos anos anteriores, vai realizar o Levantamento Rápido de Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa), que mostrará as localidades mais críticas para a doença. >
Chikungunya O boletim epidemiológico do ministério também mostra avanço da febre chikungunya, doença similar à dengue, transmitida pelo mesmo mosquito, mas que raramente leva à morte. Desde janeiro, já foram notificados 12.170 casos da doença, dos quais 3.948 foram confirmados e o restante está em investigação. Casos autóctones (de transmissão interna no País já foram registrados em cinco Estados brasileiros: Bahia, Amapá, Roraima, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. >