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Portal Edicase
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 18:43
Outubro é o Mês Mundial de Combate à Trombose, campanha que visa aumentar a conscientização sobre uma condição. De forma silenciosa, essa doença tira a vida de uma em cada quatro pessoas no mundo, segundo a Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH). >
No Brasil, dados do Departamento de Informação e Informática do SUS (DataSUS) mostram um cenário preocupante: de janeiro a julho deste ano, foram registradas 43.008 internações e 1.727 óbitos por embolia, trombose arterial e venosa, além de flebite e tromboflebite. >
A história do advogado Arthur Oliveira, de 39 anos, serve de alerta. Uma dor persistente na panturrilha, inicialmente confundida com cansaço muscular, levou-o a uma emergência, culminando no diagnóstico de trombose venosa profunda e, em seguida, tromboembolia pulmonar, a forma mais grave da doença. >
“Fiquei muito surpreso: desde muito criança, a prática de exercícios e uma boa alimentação estão presentes na minha rotina. Não fumo, não abuso de bebidas alcoólicas e, atualmente, faço exercícios sete vezes por semana. Eu não pensava que seria internado em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por uma simples dor na panturrilha”, relata Arthur Oliveira. >
A hematologista Dra. Monique Morgado, do Alta Diagnósticos, da Dasa no Rio de Janeiro, explica que a trombose é a formação de um coágulo em uma veia ou artéria, que pode bloquear o fluxo sanguíneo. Conforme a médica, a doença pode ser desencadeada por múltiplas causas. >
“Alguns fatores podem predispor o organismo a eventos trombóticos: histórico familiar, influência genética, idade avançada, sedentarismo , obesidade, tabagismo, uso de alguns medicamentos e longos períodos de imobilidade, como em viagens de avião ou depois de cirurgias”, comenta. >
No caso do advogado Arthur Oliveira, por exemplo, não se encaixava no perfil de risco típico, mantendo uma vida ativa, mas seu diagnóstico revelou uma causa genética: o Fator V de Leiden (FVL) heterozigótico, ou seja, uma condição que ele herdou de um de seus pais. >
O Dr. Ricardo Di Lazzaro, médico e doutor em genética e cofundador do laboratório Genera, reforça que a trombofilia — condição em que o sangue tem uma tendência aumentada de formar coágulos — de origem genética é mais frequente do que se imagina, atingindo quase 10% da população. “A maioria das pessoas que tem a alteração genética nem imaginam. E conhecer essa informação é fundamental e pode evitar o desenvolvimento de condições mais graves como trombose “, afirma. >
Segundo o geneticista Gustavo Guida, dos laboratórios Sérgio Franco e Bronstein, da Dasa, o risco de trombose é significativamente maior para indivíduos com predisposição genética, condição conhecida como trombofilia. >
“Quando o gene é passado pelo pai ou pela mãe, a chance de um evento trombótico aumenta entre 3 e 8 vezes, sendo equivalente a 0,5% de risco ao ano, mesmo sem outros fatores de risco. Mas, quando a herança vem de ambos os pais, isso é elevado para 10 a 80 vezes e com início dos episódios muito precoce, mesmo sem a presença de outros fatores como sedentarismo ou tabagismo”, afirma. >
Conforme a Dra. Monique Morgado, o tratamento inicial de um caso agudo começa com o uso de remédios que ajudam a dissolver o coágulo, chamados trombolíticos. “A terapia pode ser continuada com o uso de anticoagulantes orais ou administrados por infusão venosa — que podem ser feitos até mesmo na casa do paciente —, além da utilização de meias de compressão e com a adoção de hábitos saudáveis, como hidratação adequada e a prática regular de atividades físicas . Essa abordagem permite retomar a rotina com segurança e confiança”, detalha. >
O diagnóstico rápido e a identificação da causa, como o teste genético no caso de Arthur Oliveira, foram fundamentais para a sua recuperação. Gustavo Guida finaliza destacando que o conhecimento da predisposição é uma ferramenta de prevenção. >
“Casos de trombose em pessoas jovens servem de alerta para a importância de se prestar atenção aos sinais do corpo, procurar ajuda médica imediata quando algo não parece normal e discutir com um especialista a possibilidade de realizar exames genéticos, especialmente se houver um histórico familiar da doença”, afirma. >
Por Rachel Lopes >