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Tharsila Prates
Publicado em 29 de julho de 2025 às 22:17
Estar cercado de bons amigos pode fazer mais pela saúde do que muita gente imagina. Estudos mostram que vínculos afetivos estáveis reduzem o risco de depressão, fortalecem a imunidade e até aumentam a expectativa de vida.>
Uma pesquisa da Harvard Medical School, que acompanhou mais de 700 pessoas ao longo de anos, concluiu que relacionamentos de qualidade são o fator mais importante para a felicidade e a longevidade, mais até do que dinheiro ou fama.>
A neurocientista e psicanalista Ana Chaves, que se dedica a estudar o funcionamento do cérebro humano e a capacitar pessoas a alcançarem seu potencial máximo, afirma que as amizades verdadeiras atuam como um poderoso fator de proteção contra o estresse crônico, a ansiedade e até mesmo a depressão.>
“Quando nos sentimos emocionalmente conectados e aceitos por alguém, o cérebro libera neurotransmissores como a ocitocina e a serotonina, que promovem bem-estar e reduzem os níveis de cortisol, o hormônio do estresse”, explica ela.>
Esse impacto positivo das conexões sociais também tem sido amplamente reconhecido por órgãos de saúde. Em 2023, o cirurgião-geral Vivek Murthy, dos Estados Unidos, publicou um relatório oficial alertando para uma “epidemia de solidão e isolamento social” cujos efeitos sobre a saúde são comparáveis aos de fumar 15 cigarros por dia.>
Segundo o documento, a ausência de vínculos significativos aumenta o risco de doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade, declínio cognitivo e morte precoce. “Conexões humanas são tão essenciais quanto alimentação e exercícios”, afirmou Murthy.>
Ana Chaves reforça que, em momentos de crise emocional, contar com uma rede de apoio pode fazer toda a diferença. “Conversar com um amigo de confiança pode trazer alívio imediato, ampliar a percepção sobre o problema e impedir o agravamento de estados de sofrimento psíquico. Amizade não é só companhia: é cuidado mútuo.”>
Além dos benefícios emocionais, as conexões sociais influenciam positivamente o corpo. Pesquisas indicam que pessoas com boas relações interpessoais têm menor risco de desenvolver doenças, apresentam melhor resposta imunológica e vivem mais tempo. “A solidão prolongada, por outro lado, já é considerada um fator de risco tão grave quanto o tabagismo ou a obesidade”, afirma Ana.>
A recomendação da especialista é cultivar amizades com presença e escuta genuína. “Relações superficiais ou tóxicas não produzem os mesmos efeitos positivos. A qualidade do vínculo é mais importante do que a quantidade de amigos. O essencial é saber que existe alguém com quem contar e por quem se pode estar presente também.”>