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Portal Edicase
Publicado em 27 de junho de 2025 às 14:09
A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, é uma condição caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células hepáticas. Esse problema pode surgir devido a fatores como obesidade, sedentarismo, alimentação rica em gorduras e açúcares, consumo excessivo de álcool ou até por doenças metabólicas. Embora muitas vezes não cause sintomas no início, pode evoluir para inflamação no fígado (esteato-hepatite), fibrose, cirrose e até câncer hepático. >
Conforme o Ministério da Saúde, a doença afeta cerca de 30% da população brasileira. Segundo o Dr. Lucas Nacif, médico cirurgião gastrointestinal e membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), parte dos atingidos pelo problema são jovens. >
“Infelizmente, estou recebendo um número crescente de jovens com diagnóstico de esteatose hepática . Isso se dá ao estilo de vida inadequado e à má alimentação, e é bastante preocupante, pois a doença, antes vista principalmente em uma população mais adulta, agora afeta a mais jovem”, alerta. >
Isso é confirmado por uma pesquisa da American Association for the Study of Liver Diseases (Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado, em português). O estudo, publicado em 2023, mostrou que a América do Sul foi o continente que registrou o maior aumento de adolescentes com esteatose hepática metabólica, ou seja, acúmulo de gordura no fígado. >
Conforme o Dr. Lucas Nacif, a presença de uma pequena quantidade de gordura no fígado é normal, mas quando essa infiltração excede 5% do volume do órgão, surgem complicações mais sérias. “Até este ponto, a quantidade de gordura no fígado é considerada amena (ou esteatose leve) e geralmente não causa danos. Porém, quando a infiltração de gordura ultrapassa esse limiar, atingindo valores acima de 30%, ou associados a outras comorbidades, o risco de desenvolver inflamação e outras complicações hepáticas aumenta consideravelmente”, explica. >
O fígado é um órgão responsável por funções importantes no corpo humano. Por isso, a gordura se torna tão preocupante. “O nosso fígado conta com funções essenciais, como o armazenamento de vitaminas (A, D, K, E), ferro e cobre, a regulação da glicose e dos níveis de colesterol, a produção de fatores de coagulação e bile, e a conversão de amônia em uréia, eliminada pela urina. Ele é como um laboratório do corpo, responsável por diversas funções vitais que mantêm nosso organismo em equilíbrio. Por isso, precisa estar completamente saudável”, ressalta o médico. >
O médico explica que, para entender os sinais de gordura no fígado, é necessário compreender os três graus de esteatose hepática. O grau 1 corresponde a uma deposição leve de gordura. O grau 2 apresenta uma deposição moderada, enquanto no grau 3 a deposição de gordura é acentuada. >
Embora a esteatose não esteja associada a sintomas, quando combinada à síndrome metabólica, a inflamação pode evoluir para casos graves. Esses incluem pele e olhos amarelados, acúmulo de líquido abdominal (ascite) e hematomas. O diagnóstico é realizado por meio de exames médicos regulares, como ultrassom abdominal e testes de função hepática (TGO, TGP, Gama GT). >
Felizmente, é possível prevenir a gordura no fígado. O Dr. Lucas Nacif enfatiza que a prevenção e o tratamento da esteatose hepática envolvem mudanças significativas no estilo de vida. “O paciente deve evitar o consumo de álcool, que danifica as células do fígado. Além disso, é fundamental adotar uma alimentação saudável, como a dieta mediterrânea, rica em fibras, vegetais, proteínas magras, azeite de oliva e grãos integrais, e buscar manter um peso saudável por meio de uma dieta equilibrada e exercícios físicos regulares”, conclui. >
Por Viviane Duranti >