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Portal Edicase
Publicado em 8 de maio de 2025 às 11:09
Uma palavra, um cheiro ou um som. Às vezes, é tudo o que basta para acionar uma lembrança antiga e fazer o corpo reagir com medo, angústia ou paralisação, mesmo que a ameaça já tenha passado. Isso acontece porque traumas, ainda que silenciosos, permanecem registrados no cérebro e no corpo. E, quando não tratados, podem comprometer a saúde mental, as relações pessoais e as decisões cotidianas. >
A psicóloga Cristiane Pertusi, especialista em EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por meio de Movimentos Oculares), explica que traumas não são gerados somente por grandes tragédias. Situações aparentemente “simples”, como críticas constantes, bullying escolar, abandono emocional ou separações, também podem deixar marcas profundas. >
“Muitas pessoas carregam traumas sem saber. Elas apenas sentem que algo as bloqueia, sabota ou impede de viver com leveza. O trauma é como um nó que precisa ser desfeito com segurança e respeito”, diz Cristiane Pertusi. >
O trauma é uma resposta emocional a um evento que o cérebro interpretou como ameaçador, seja ele real ou simbólico. Pode ser o resultado de acidentes, perdas, violências, negligência ou situações repetitivas de medo e insegurança. Quando o cérebro não consegue processar essas experiências adequadamente, elas ficam “presas”, causando sintomas como: >
Cristiane Pertusi explica que nem sempre o trauma aparece de forma clara. Às vezes, ele se manifesta por meio de padrões repetitivos: relações que não funcionam, autoimagem negativa, sensação constante de inadequação ou autocobrança excessiva. “Quando uma situação pequena provoca uma reação emocional desproporcional, é sinal de que há algo antigo pedindo cuidado”, afirma. >
A terapia EMDR tem se mostrado uma das ferramentas mais eficazes no tratamento de traumas . Criada nos Estados Unidos e validada por instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela atua diretamente nas memórias traumáticas por meio de estímulos bilaterais, como movimentos oculares guiados, sons alternados ou toques. >
“O EMDR ajuda o cérebro a ‘digitar de novo’ aquela lembrança, mas agora com os recursos e a consciência que a pessoa tem no presente. É como atualizar um arquivo emocional que estava corrompido”, explica a psicóloga. >
A técnica pode ser usada em casos de traumas complexos (vividos na infância, por exemplo), traumas recentes, fobias, ansiedade, bloqueios emocionais e até no luto. Muitos pacientes relatam alívio significativo logo nas primeiras sessões. >
Abaixo, confira algumas dicas para começar a lidar e enfrentar os traumas emocionais de maneira saudável: >
Traumas não são fraquezas, são respostas humanas a experiências difíceis . Ignorá-los pode ser mais perigoso do que enfrentá-los. Com cuidado, escuta profissional e ferramentas terapêuticas, como o EMDR, é possível romper ciclos de dor e construir uma vida mais leve, segura e autêntica. >
Por Juliana Macedo >