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Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2019 às 18:23
- Atualizado há 2 anos
(Foto: Mariana Maltoni/Reprodução/Instagram) O diretor teatral Roberto Alvim usou as redes sociais, no último domingo (22) para criticar a atriz Fernanda Montenegro, de 89 anos, que é um pôster encartado na última edição da revista “Quatro Cinco Um”, especializada em literatura, com um chamado contra a censura.>
“A foto da sórdida Fernanda Montenegro como bruxa sendo queimada em fogueira de livros, publicada hoje na capa de uma revista esquerdista, mostra muito bem a canalhice abissal destas pessoas”, publicou ele, em texto em que ressalta que “trata-se de uma guerra irrevogável”.>
Alvim, que disse que sua carreira desabou após apoiar Jair Bolsonaro (PSL), ainda completou: “Um amigo meu, bem-intencionado, me perguntou hoje se não era hora de mudar de estratégia e chamar a classe artística pra dialogar. Não. Absolutamente não. Trata-se de uma guerra irrevogável”.>
O diretor também afirmou que quer promover uma ‘renovação’ completa na classe teatral brasileira, por ser o “único jeito de criarmos um Renascimento da arte no Teatro Nacional”. Capa da revista (Foto: Divulgação) “Porque a classe teatral que aí está é radicalmente PODRE. E com gente hipócrita e canalha como eles, que mentem diariamente, deturpando os valores mais nobres de nossa civilização, propagando suas nefastas agendas progressistas, denegrindo nossa sagrada herança judaico-cristã, bom – com essa corja não há diálogo possível (SIC)”, complementou o bolsonarista.>
Em outra postagem, Alvim diz já ter nutrido “alguma admiração por ela” [Fernanda]. [Mas] “hoje só o que sinto por essa mulher é o mais absoluto desprezo”.>
Os comentários do diretor geraram muita repercusão e críticas entre a comunidade artística. Em comunicado enviado ao jornal O Globo, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) repudiou as declarações de Alvim.>
“A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, Sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma “guerra irrevogável”. >
Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão.>
Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional – ou seja, representando o país como um todo – o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação.>
Persistiremos na busca pelo diálogo, pela liberdade de expressão, pelo afeto ao fazer artístico e cultural de nosso país. Tudo isso de forma civilizada e com total respeito à diversidade”.>
O próprio presidente da Funarte, Miguel Proença, criticou Alvim. "Já pedi um auxílio do ministro da Cidadania (Osmar Terra), pedi uma audiência com ele, para tomar uma providência. Admiro muito a Fernanda, além de ser a grande dama do teatro ela é uma grande amiga. Fiquei com esse peso nas costas, o Brasil inteiro está de olho na Funarte hoje por causa disso. E aqui produzimos arte e beleza, não agressão", diz.>
Alguns artistas e fãs passaram a usar a hashtag @somostodosfernanda em posts sobre o caso nas redes sociais, como Drica Moraes: "Vamos então dividir em grupos. Eu sou do grupo de cá. Eu sou @fernandamontenegrooficial", escreveu.>