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Carol Neves
Publicado em 12 de agosto de 2017 às 05:03
- Atualizado há 2 anos
A baiana Candice Pascoal, fundadora e CEO da empresa de financiamento coletivo Kickante, vai fazer a palestra de fechamento da Campus Party Bahia, neste sábado (12), a partir das 13h, na Arena Fonte Nova. Ela vai falar da sua trajetória profissional, de empreendorismo e apresentar seu livro, "Seu sonho tem futuro". "(É preciso) mostrar pro brasileiro como empreender. O Brasil tem que quebrar a cultura de colonizado, de que alguém vai nos salvar. Político não vai salvar o brasileiro. O chefe não vai salvar o trabalhador. Ninguém vai salvar ninguém, a gente vai ter que salvar o brasileiro. O empreendedorismo é o caminho para fazer isso, para mudar o Brasil", defende.>
Natural de Juazeiro, Candice contou ao CORREIO que está feliz em voltar à Bahia, ainda mais em um evento do porte da Campus Party. “O brasileiro é inteligente, bota a mão na massa. O baiano então... A gente sempre brinca, o baiano nasceu para brilhar. Eu vejo nos países que morei, em São Paulo, a quantidade de líderes baianos que estão se destacando é muito grande. Os eventos de empreendedorismo que ficam focados no sul-sudeste não favorecem os nordestinos. Fiquei muito entusiasmada quando soube que a Campus Party estava vindo para a Bahia, porque conhecimento é imprescindível para a gente chegar onde quer chegar”, diz “Me convidaram para fechar a Campus Party, fiquei muito lisonjeada. Minha expectativa é falar sobre como tirar o projeto do papel, como dar futuro aos seus sonhos de maneira prática. Tem que saber sonhar de pés no chão, entendendo que o caminho do empreendedor não é fácil ou já traçado. Cada caminho vai trazer suas próprias peculiaridades e dificuldades”.>
Filha de médico, Candice conta que foi criada para seguir os passos do pai, mas que desejava algo diferente para sua vida profissional. Ela também alimentava o sonho de ter uma experiência profissional fora do Brasil. "Não era o que eu queria (ser médica), preferia algo mais flexível, dinâmico", explica. Ela estudou Administração com ênfase em Comércio Exterior na Unifacs, estagiou no World Trade Center, em Nova York ("Sem nenhum contato, só mandando e-mails e mostrando disponibilidade"), e depois se mudou para Paris, onde passou um ano trabalhando e estudando.>
Aos 24 anos, foi novamente para Nova York, onde passou a maior parte da vida. Ela começou trabalhando como estágiaria para a gravadora Putamayo World Music, mas foi subindo na empresa e eventualmente se tornou chefe de vendas internacionais e marketing da empresa. "Você pode ser estagiário em fase adulta, as pessoas precisam entender que para mudar de área, de país, você precisa começar de algum ponto", afirma. "Não fui criada para ser empreendedora, fui criada para ser médica, tocar as coisas da família. Foi um caminho que tracei não imediatamente, tracei um caminho de trabalhar para outras empresas. O empreendedorismo, mais tarde, veio de um desejo meu de fazer algo próprio", conta.>
Financiamento coletivo Candice diz que resolveu investir na ideia do financiamento coletivo para o Brasil por acreditar que é algo que pode ajudar a melhorar o país. "Ele vem para atender uma necessidade. Pode ser (campanha de) R$ 500 ou R$ 500 mil. A gente tem visto crescimento grande de pessoas com perfis para emergências pessoais, descobriu um câncer, precisa botar uma prótese. Assim como inovações tem tido muito, músicos, artistas diversos, podcasts. Temos o clube mensal, que é uma contribução recorrente", diz. >
O Kickante foi o primeiro site local a oferecer campanha flexível e a contribuição parcelada ("até banana no mercado a gente divide"). A empresa faturou o Fintech Awards Latam 2017, que escolher as melhores startups financeiras da América Latina. Em 3 anos de existência, foram R$ 40 milhões arrecadados em mais de 50 mil campanhas. Para Candice, um ponto importante também é que o site chegou ao país quebrando com uma tendência de curadoria que alguns outros serviços fazia. "Eu cheguei e falei que isso vai contra tudo que é crowdfunding. O crowdfunding é financiamento coletivo, o povo vai financiar o que quiser. Aí eu mudei e todas as outras plataformas começaram a mudar".>
Mulher no comando de uma startup, ela reconhece que às vezes se vê diante de preconceito, que classifica como "uma arrogância". "As pessoas sempre acabam chamando para eventos, para grupos, para palestrar, pessoas que são parecidas com eles. Então tem uma quantidade maior de homens, obviamente vão chamar mais homens", acredita. Ela defende que as mulheres devem se posicionar. "Já tiveram alguns eventos que convidaram apenas homens, e as mulheres reclamando. Tem que reclamar sim, mas ao invés de reclamar no Facebook, entra em contato com o organizador, fala, 'olha, seria legal eu palestrar, está aqui minha bio', mostrar porque sou interessante, garanto que colocam. E se não colocam porque você queria fazer parte de um evento daquele? A diversidade é importante, mas tem que se tomar muito cuidado para não ultrapassar a linha do ativisimo e não entrar no vitimsmo, porque o vitismo não muda nada. O ativismo sim", afirma. "Tenho muito orgulho de ser mulher, de ser nordestina. É uma panelinha e a gente tem que chegar e dizer que a maneira de fazer sucesso é assim e a panelinha vai mudando". >
O site dá espaço para todas as matizes de ideias, sempre de acordo com a lei brasileira, diz Candice. "De repente vai ter na plataforma campanhas do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) assim como do MBL (Movimento Brasil Livre), partidos e grupos políticos completamente opostos. Ambos de acordo com a lei, ambos têm mercado, e podem estar ali. Desde que vá de acordo com as leis do país. O mais importante para mim é a democracia. Todos têm que ter espaço, oportunidade. O crowdfunding veio exatamente para dar espaço para quem não tem. Eu não vou julgar um projeto, um artista, a única entidade que pode julgar é a lei do Brasil",>
Para ela, a ideia do financiamento coletivo tem se espalhado mais pelo país. "Mais e mais pessoas estão entendendo o que é o crowdfunding, mais cases de sucesso.Se você fez uma campanha de sucesso, está sentado com um amigo e ele fala um problema, você já lembra do crowdfunding. O boca a boca ainda é a melhor forma, embora mais devagar é a mais qualificada", explica.>
Livro O livro de Candice estará disponível em lojas a partir de setembro, pela Editora Gente. Interessados já podem garantir o exemplar direto pelo site da Kickante. "O livro é muito prático. Ok, você tem um sonho? Como transformar em uma ideia? Como transformar a ideia em negócio, o negócio em propósito e como prosperar isso independente do mercado brasileiro? Não é fácil empreender no Brasil", explica. "O financiamento é apenas uma parte do processo. Tem que encontrar sua ideia, seu mercado, seu propósito". >
Por R$ 39,90, a pessoa compra o livro com frete grátis e depois pode solicitar o reembolso e receber o valor pago integralmente pela plataforma de cashback Méliuz - site que permanece que o consumidor recupere parte dos valores gastos em lojas cadastradas. Dois ebooks sobre crowdfunding fazem parte do pacote. Candice lança seu primeiro livro (Foto: Divulgação) >