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Cigarros eletrônicos circulam sem controle e Bahia deixa de arrecadar mais de R$ 500 milhões por ano em impostos, projeta estudo da USP

Levantamento inédito traz que 2,11 milhões de brasileiros consomem regularmente cigarros eletrônicos e sachês de nicotina na região Nordeste; 546 mil somente na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Mariana Rios
  • Mariana Rios

Publicado em 25 de outubro de 2025 às 01:00

Pesquisa inédita realizada pela Escola de Segurança Multidimensional (ESEM) da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto IPSOS, lança luz sobre o custo fiscal da proibição ou falta de regulamentação de novos produtos de tabaco e nicotina no Brasil, revelando a realidade por estado. A Bahia deixa de arrecadar, segundo a projeção, R$ 597,2 milhões por ano em impostos em função do comércio ilegal desses produtos.

O 1º Levantamento Nacional sobre a Demanda por Bens e Serviços Ilícitos detalha que o valor dos impostos estaduais e federais que deixam de ser arrecadados desses itens é majoritariamente atribuído aos cigarros eletrônicos, que respondem por R$ 572,87 milhões desse número.

Os sachês de nicotina, por sua vez, representam R$24,36 milhões do montante não arrecadado na Bahia. Na região Nordeste, o potencial de arrecadação com esses produtos chega a R$ 2,028 bilhões. Desse total, R$ 1,945 bilhão são provenientes dos cigarros eletrônicos e R$ 83,3 milhões dos sachês de nicotina.

Além dos produtos de tabaco e nicotina, o Levantamento também mapeia a demanda frequente, bem como a propensão dos consumidores ao uso de itens ilícitos nos segmentos de cigarros tradicionais, bebidas alcoólicas, combustíveis, eletrônicos e vestuário — evidenciando a abrangência e complexidade do mercado ilegal no país.

A pesquisa demonstra que, apesar de estarem proibidos ou sem regulação no país, esses produtos seguem em expansão.

Segundo o Levantamento, mais de 546 mil brasileiros consomem cigarros eletrônicos e sachês de nicotina frequentemente no estado da Bahia. Outras 918 mil pessoas dizem ter usado de forma ocasional nos últimos 6 meses.

Em todo o Nordeste, o número chega a 2,11 milhões de consumidores de cigarros eletrônicos e sachês de nicotina que utilizam os produtos frequentemente. Outros 3,554 milhões dizem ter usado de forma ocasional nos últimos 6 meses.

Nacionalmente, são 10 milhões de brasileiros que fazem uso de cigarros eletrônicos e sachês de nicotina frequentemente. Já os consumidores que afirmaram ter utilizado esses produtos nos últimos 6 meses somam 15,4 milhões de pessoas.

O estudo ainda destaca os impactos do regime de proibição sobre os novos produtos de tabaco e nicotina, como cigarros eletrônicos e sachês de nicotina, atualmente proibidos ou não regulamentados no Brasil.

A análise mostra que a ausência de regulação desses produtos contribui diretamente para o crescimento do mercado ilegal, que movimenta, somente no estado da Bahia, cerca de R$ 327,57 milhões por ano, sem qualquer recolhimento de tributos, com recursos que alimentam atividades criminosas.

Em toda a região Nordeste, esse número alcança R$1,27 bilhão por ano. Nacionalmente, são R$7,81 bilhões por ano que podem estar financiando o crime organizado. Se regulados, estes produtos poderiam trazer R$597,2 milhões/ano para os cofres da Bahia, R$ 2,028 bilhões/ano para a região Nordeste e R$ 13,7 bilhões/ano para o Brasil.

Para Leandro Piquet, coordenador da ESEM e da pesquisa, especialista em segurança pública e mercados ilícitos, e docente do Instituto de Relações Internacionais da USP, as redes criminosas têm encontrado no comércio ilegal uma fonte lucrativa e estratégica de financiamento.

“O comércio ilícito de bens e serviços está sujeito a uma lógica econômica simples: se existe qualquer tipo de demanda, sempre haverá alguém, ou alguma organização, dedicada a atender essa demanda. O regime de proibição, em vez de eliminar os mercados de bens e serviços ilegais, acaba por transferi-los para a esfera do crime organizado, que se estrutura como agente econômico racional, em busca de lucro, controle territorial e corrupção sistêmica”.

Além dos novos produtos de tabaco e nicotina, o Levantamento também identificou a frequência de outros setores, além da propensão dos consumidores desses segmentos ao consumo de produtos ilícitos. As categorias analisadas incluem cigarros tradicionais, bebidas alcoólicas, combustíveis, eletrônicos e vestuário. A pesquisa foi apresentada quarta-feira (22), na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) com a participação de especialistas, gestores públicos e representantes de diversos setores da iniciativa privada em um debate sobre os desafios e as estratégias de enfrentamento ao crime organizado e ao comércio ilegal no Brasil.

Metodologia

O Levantamento Nacional sobre a demanda por Bens e Serviços Ilícitos, conduzido pela IPSOS Brasil para a Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo (ESEM/USP) é um estudo Quantitativo Nacional que dimensiona o problema do comércio ilegal no Brasil. Para garantir a validade e a abrangência dos resultados, a pesquisa utilizou uma amostra representativa de 3 mil pessoas adultas, assegurando uma margem de erro total de 1,8% para o conjunto da população brasileira em todas as regiões e classes sociais.

A coleta de dados foi realizada por meio de uma estratégia híbrida, que combinou entrevistas online via painel e abordagens presenciais em domicílios, refletindo a proporção real da população por meio da aplicação de cotas demográficas baseadas em dados do IBGE. O Levantamento é patrocinado pelo programa PMI IMPACT, financiado pela Philip Morris Brasil. A iniciativa, criada pela PMI, apoia projetos de organizações públicas, privadas e acadêmicas voltados ao combate ao comércio ilegal.

Já a ESEM é um centro de formação profissional e pesquisa vinculado ao Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, dedicado a temas de segurança, defesa e justiça criminal.

[Edicase]O uso de cigarro eletrônico pode prejudicar a saúde do pulmão (Imagem: WindNight | Shutterstock) por