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Larissa Almeida
Publicado em 16 de maio de 2025 às 05:00
Entre 2018 e 2023, o número de mortes no trânsito aumentou 30% na Bahia, saltando de 2.112 casos para 2.747. Esse crescimento consolidou o estado como o terceiro com mais óbitos no trânsito em todo o país, de acordo com dados do Atlas da Violência, estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A publicação, divulgada na última segunda-feira (12), chama atenção para a crise histórica que ainda se faz presente no trânsito baiano. >
Em número de óbitos, a Bahia só fica atrás dos estados de São Paulo (5.022 casos) e de Minas Gerais (3.249 casos). Os dados do estudo foram obtidos através do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), sistema vinculado ao Ministério da Saúde, que se baseia na soma de ocorrências fatais envolvendo pedestres, condutores, ciclistas e motociclistas. >
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal na Bahia (PRF-BA), do total de mortes registradas pelo estudo naquele ano, 556 aconteceram em 3.687 acidentes computados nas rodovias que cortam a Bahia. Fábio Rocha, policial rodoviário e integrante do núcleo de comunicação da entidade, acredita que essa realidade reflete desafios do tráfego rodoviário, que vão desde o âmbito da fiscalização até o âmbito da educação dos condutores e pedestres. >
“No contexto das rodovias federais, alguns desafios incluem o alto volume de tráfego misto – caminhões, veículos leves, motocicletas e pedestres –, trechos com infraestrutura deficitária, comportamento de risco dos condutores e limitações na cobertura de fiscalização presencial”, aponta. >
“A superação desses gargalos requer investimento contínuo em sinalização, engenharia de tráfego, educação para o trânsito e ações integradas entre os órgãos de segurança pública, trânsito, saúde e infraestrutura”, complementa Fábio Rocha. >
Luide Souza, especialista de trânsito, compartilha da opinião do policial federal ao analisar as razões de mortalidade no trânsito. “As causas mais comuns dos acidentes que terminam em mortes nas vias e rodovias da Bahia são excesso de velocidade e ultrapassagem em local proibido. Os entraves que dificultam a mudança desse cenário são a falta de políticas públicas que priorizem a educação para o trânsito e o fortalecimento da fiscalização”, pontua. >
Na contramão do que é necessário para resolver esse problema que não apenas afeta, como também extermina vidas, o Atlas da Violência destaca que os recursos destinados à segurança no trânsito sofreram cortes significativos, comprometendo os resultados na redução da mortalidade. >
Segundo o painel Siga Brasil, disponibilizado pelo Senado Federal (2025), houve uma queda notável nos recursos do fundo nacional de segurança e educação de trânsito (Funset), o qual, apesar de ser proveniente da arrecadação de multas de trânsito, não está destinando a maioria de seus recursos nas ações de trânsito. >
Já o seguro Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (DPVAT) teve a cobrança interrompida pela antiga gestão do governo federal, em 2019. Ele possuía um papel social ao indenizar vítimas de sinistros de trânsito e financiar o Sistema Único de Saúde (SUS). >
“Sua extinção afetou o SUS, que perdeu um volume considerável de recursos para cobrir os custos com atendimento às vítimas. Além disso, as vítimas de sinistros de trânsitos perderam o direito a essa indenização”, afirma o estudo. >
No intuito de diminuir os números de óbitos nas estradas baianas, a PRF-BA disse que tem atuado com foco na fiscalização intensiva de condutas que mais causam acidentes, como excesso de velocidade, ultrapassagens indevidas, embriaguez ao volante e o não uso do capacete por motociclistas. >
Também realiza ações educativas, como o Cinema Rodoviário, palestras e campanhas temáticas como o Maio Amarelo, que reforçam a importância da mudança de comportamento no trânsito. >
“Além disso, utilizamos tecnologias e análise de dados para direcionar o policiamento ostensivo de forma mais estratégica, priorizando os trechos com maior índice de sinistros”, finaliza Fábio Rocha.>