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Noviça da Boa Morte passa mal após tentativa de retirá-la da igreja por medida protetiva

Uiara Lopes, de 55 anos, foi parar em um hospital após abordagem de delegado em igreja

  • Foto do(a) author(a) Millena Marques
  • Millena Marques

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 15:03

Uiara Lopes, noviça da Irmandade da Boa Morte
Uiara Lopes, noviça da Irmandade da Boa Morte Crédito: Reprodução

Uma noviça da Irmandade da Boa Morte, confraria afrocatólica e secular que é responsável pela Festa de Nossa Senhora da Boa Morte em Cachoeira, passou mal após um delegado pedir que ela se retirasse de uma celebração na Igreja Matriz do Rosário. Uiara Lopes, de 55 anos, foi parar em um hospital após descobrir que havia uma medida protetiva contra ela, a pedido de Celina Sala, advogada e ex-administradora da irmandade, que também estava presente na missa.

O episódio, segundo a denúncia, ocorreu no último dia 15, no terceiro dia da festa. “Ele (o delegado) disse que eu deveria me retirar da igreja. Ele, armado, um homem branco, me abordou dessa forma”, conta. Ela informou que estava no templo enquanto noviça, mas a autoridade continuou com a abordagem. “Ele disse que eu teria que sair na hora e que se eu não saísse, eu iria presa e algemada”, diz. Uiara conta que não teve acesso ao documento.

Festejos da Boa Morte, em Cachoeira, este ano por Divulgação Wuiga Rubini/GOVBA

A noviça conta que ficou entre 2h30 e 3h no hospital. “Eu desmaiei. Fui atendida primeiramente pela deputada Fabíola Mansur, que foi quem me orientou e chamou o Samu. As pessoas ficaram com medo de me deixar lá (na igreja) porque sou hipertensa e diabética”, relata. Na unidade de saúde, ela tomou remédios para regular os níveis de glicose e a pressão. “O médico orientou que eu fosse fazer acompanhamento psicológico porque o abalo foi muito grande”, diz

Uiara é noviça na irmandade, o que significa que está em período de iniciação e integração plena aos quadros tradicionais, mas já detém direitos, deveres e responsabilidades religiosas e culturais, especialmente por ser herdeira de uma cadeira ancestral da matriarca fundadora Ludovina Pessoa - Rainha do Ogum, transmitida por linhagem familiar direta.

“Eu tenho 55 anos. Sou militante do Movimento Negro, sou do grupo Mulheres de Axé do Brasil há quase dez anos, sou há mais de 30 anos militante do Movimento Negro. Foi um choque para mim”, afirma. Após a abordagem, Uiara passou mal, chegou a desmaiar e ficou encaminhada para um hospital da cidade. A ação gerou comoção entre os fiéis e interrompeu a missa.

Além de Uiara, a noviça Juçara Lopes também foi alvo da intimação. Celina não possui um cargo oficial na irmandade, ela somente apoia a irmandade no setor administrativo a pedido da falecida Irmã Estelita, então juíza perpétua. O CORREIO não conseguiu o contato da advogada. O espaço segue aberto.

A Polícia Civil foi procurada pela reportagem na segunda (18) e nesta terça-feira (19), mas não houve resposta até a publicação desta matéria.