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Carol Neves
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 08:56
O assassinato brutal de três mulheres enquanto caminhavam com um cachorro na Praia dos Milionários, em Ilhéus, no sul da Bahia, em 15 de agosto, chocou o Brasil. Apesar de um homem ter confessado o crime, o caso ainda não está encerrado: a Polícia Civil mantém as investigações abertas para apurar a possível participação de outros envolvidos. >
Veja abaixo o que se sabe até agora e o que ainda precisa ser esclarecido sobre o crime que gerou comoção e protestos na cidade.>
Quem são as vítimas?>
Imagens mostram mulheres caminhando em praia de Ilhéus
As vítimas são Alexsandra Oliveira Suzart, de 45 anos, Maria Helena do Nascimento Bastos, de 41, e Mariana Bastos da Silva, de 20. Alexsandra e Maria Helena eram amigas, vizinhas e atuavam como educadoras na rede municipal. Mariana era filha de Maria Helena e cursava Engenharia Ambiental. As três moravam em condomínios próximos à praia.>
Elas foram vistas pela última vez por volta das 17h do dia 15 de agosto, quando saíram para passear com o cachorro da família. Imagens de câmeras de segurança mostram as três caminhando lado a lado na areia. Depois disso, desapareceram.>
Os corpos foram encontrados no dia seguinte, em uma área de vegetação a poucos metros da praia. O cão foi deixado amarrado a um coqueiro próximo aos corpos e sobreviveu.>
O que diz o principal suspeito?>
Suspeito de matar mulheres em Ilhéus é preso
Thierry Lima da Silva, de 23 anos, confessou o triplo homicídio durante audiência de custódia. Ele foi inicialmente preso por tráfico de drogas e, ao ser ouvido, confessou espontaneamente a morte das mulheres e relatou ter agido sozinho. Segundo ele, a intenção era cometer um assalto, e uma das mulheres teria sido abordada com uma faca. As outras duas, que tentaram intervir, também acabaram esfaqueadas.>
De acordo com o depoimento, Thierry disse que estava sob efeito de drogas e levou R$ 30 das vítimas. Ele afirmou ainda que enterrou a faca utilizada no crime, queimou a bermuda manchada de sangue e dormiu em uma praça no bairro do Pontal após fugir da cena. Ao ser questionado sobre o cachorro, afirmou: “amarrei o cão porque não tinha interesse em levá-lo”.>
Apesar da confissão, a Polícia Civil apontou contradições no depoimento e afirmou que outras diligências estão em andamento para verificar se mais pessoas participaram do crime.>
O que diz a investigação?>
A polícia investiga o crime como latrocínio - roubo seguido de morte - embora a motivação ainda não esteja definitivamente estabelecida. O delegado Jorge Figueiredo afirmou que "a principal linha de investigação aponta para uma tentativa de roubo que culminou em latrocínio".>
A Polícia Civil revelou que, mesmo após a confissão, quatro pessoas foram interrogadas no domingo (24) e passaram por exames periciais, como análise genética e confronto de digitais. Elas não tiveram os nomes divulgados, foram liberadas após depoimento, mas continuam sendo tratadas como suspeitas.>
Até o momento, não foi esclarecida qual a possível ligação entre Thierry e esses outros investigados. Também não há confirmação se houve algum tipo de combinação prévia entre eles para cometer o crime.>
Laudos periciais continuam sendo produzidos, incluindo exames de DNA, necropsia e reconstituição da cena. Imagens de ao menos 15 câmeras de segurança da região foram analisadas, mas os investigadores enfrentam limitações devido a pontos cegos.>
Como foi a repercussão?>
A morte de Alexsandra, Maria Helena e Mariana causou forte comoção em Ilhéus. Três protestos ocorreram na cidade, liderados por mulheres e familiares das vítimas, com pedidos por justiça e celeridade nas investigações. Os atos reuniram dezenas de pessoas vestidas de branco, segurando cartazes com frases como “Parem de nos matar” e “Calaram três de nós”.>
A subseção da OAB-BA enviou um ofício cobrando providências das autoridades e o governo estadual discutiu o reforço da segurança na cidade, considerada uma das mais violentas da Bahia, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.>
O suspeito tem outros antecedentes?>
Além do triplo homicídio, Thierry também confessou o assassinato do companheiro, Lucas dos Santos Nascimento, que morreu no dia 21 de agosto após dar entrada no hospital com sinais de politraumatismo. Thierry relatou que agrediu o parceiro após uma briga motivada por ciúmes e, depois do crime, roubou pertences da vítima.>
Durante as diligências do caso de Lucas, ele foi preso em flagrante por tráfico de drogas. A Justiça converteu a prisão em preventiva, considerando a alta periculosidade do suspeito e o histórico de violência.>
Segundo a polícia, Thierry tem passagens anteriores por ameaça, dano, lesão corporal, furto, violência doméstica e vias de fato, cometidas desde a adolescência.>
O que ainda falta esclarecer? >
Outros envolvidos: A participação de outras pessoas ainda não está descartada. A polícia mantém sob investigação os quatro suspeitos interrogados no domingo.>
Houve outra motivação?: Embora a linha de latrocínio seja a principal, a falta de objetos de valor com as vítimas levanta dúvidas.>
Relação entre os suspeitos: Ainda não foi esclarecida a conexão — se houver — entre Thierry e os demais investigados.>
Dinâmica do crime: Contradições no relato do suspeito apontam para lacunas na reconstituição dos fatos.>
Arma do crime: a faca foi localizada?>
A polícia segue com diligências e novas perícias. O caso segue sob apuração.>