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Larissa Almeida
Publicado em 28 de maio de 2025 às 05:30
Negativas de atendimento, acúmulos de processos judiciais e redução da rede credenciada. Há pelo menos sete anos, o Plano de Saúde dos Servidores Públicos Estaduais da Bahia (Planserv) tem sido visto como um serviço em decadência em razão dos problemas que acumula. Se antes o plano de saúde era considerado bom e até mesmo acima da média, hoje se tornou uma bomba para uma parcela significativa dos beneficiários. >
O processo que fez com que o serviço chegasse a esse ponto crítico teve início em 2018, quando o governo estadual reduziu o custeio do Planserv de 4% para 2,5%. Com isso, houve aumento da contribuição dos servidores que, apesar de gastar mais, teve a assistência médica precarizada ao longo desses anos. Não à toa, sobram queixas de negativas de atendimento em emergências e clínicas especializadas, além de insatisfação quanto a redução da rede credenciada. >
De acordo com Rosângela Monteiro, 59, enfermeira estadual e líder do movimento ‘Devolvam o Nosso Planserv’, a gradual decadência do serviço coincide com o processo de privatização ao qual o Planserv foi submetido. Ela aponta que a diminuição do subsídio do governo, durante a gestão do petista Rui Costa, foi uma falha. >
“O governo tem colocado empresas para operar o plano, terceirizando o serviço. A partir de 2017, veio a Qualirede, que comprovou que não tinha uma boa atuação para a nossa necessidade. Agora, veio a Haptech, que disponibiliza canal de atendimento que não atende a gente ou atende mal”, diz Ângela. >
Francisco Átila, poeta e escritor que é beneficiário do Planserv desde que o plano se chamava Instituto de Assistência e Previdência dos Servidores do Estado da Bahia (Iapseb), lembra da época em que o serviço funcionava perfeitamente no Corredor da Vitória e, depois, em frente ao Hospital da Bahia. >
“Antes, era um espetáculo. O Iapseb era acima de tudo. Hoje, o plano de saúde está em uma decadência muito grande. Muitas pessoas estão tendo dificuldade de serem atendidas e a rede credenciada é muito pequena para os mais de 500 mil beneficiários do serviço. É uma situação muito crítica”, ressalta. >
Nesta terça-feira (27), centenas de servidores públicos se reuniram na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), para discutir os problemas do Planserv e reivindicar melhorias em uma audiência pública, que contou com a presença de deputados, vereadores e membros da sociedade civil. >
Audiência pública por melhorias no Planserv
Entre as principais pautas demandadas, estavam o fim do processo de privatização do plano de saúde – atualmente, é operado por uma empresa privada, sendo que antes era administrado pela Secretaria da Administração (Saeb) –, aumento da participação do governo no custeio do plano para 5%, o que representa o dobro do que está em vigor hoje, e a ampliação da rede credenciada e das cotas de atendimento. >
A audiência, que tinha como intuito propor um diálogo e possíveis soluções, não contou com nenhum representante do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), além do líder do partido, Rosemberg Pinto. Pelo menos três convites foram enviados. Quem também não marcou presença apesar do convite foi a coordenadora-geral do Planserv, Socorro Brito, que alegou outro compromisso no mesmo dia e horário da audiência.>
O CORREIO procurou o Planserv para obter um posicionamento a respeito das reclamações dos beneficiários e saber sobre quais hospitais e clínicas deixaram de atender pelo plano nos últimos sete anos. Também buscou saber sobre quantos hospitais estão credenciados para atendimento e se há previsão de melhorias no serviço. Não houve resposta.
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