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Carol Neves
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 13:07
A nova fase da operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (18) para apurar suspeitas de desvios de aposentadorias do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) teve como um dos alvos a empresária Roberta Luchsinger, que foi submetida a busca e apreensão e deve usar tornozeleira eletrônica. Herdeira de um banqueiro e próxima do PT, ela aparece em relatórios da investigação como destinatária de repasses ligados ao empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. As informações são do Estado de S. Paulo.>
Segundo a PF, uma consultoria controlada por Antunes transferiu, ao todo, R$ 1,5 milhão para a empresa de Roberta, em pagamentos sucessivos de R$ 300 mil. Em mensagens apreendidas, o Careca do INSS orienta um funcionário a efetuar um desses repasses e afirma que o destinatário final seria “o filho do rapaz”. O relatório não identifica quem seria o “filho do rapaz”.>
Roberta Luchsinger
Os investigadores também localizaram diálogos entre Antunes e Roberta com menções a “Fábio” e a “nosso amigo”. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, que autorizou medidas no caso, não cita nominalmente Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.>
Trechos do relatório reproduzem mensagens trocadas no fim de abril de 2025. “Ao longo da troca de mensagens, que se deu em 29/04/2025, ROBERTA complementa: ‘E só para vc saber, acharam um envelope com nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão’ (fl. 650). Em seguida, ANTÔNIO CAMILO responde demonstrando preocupação: ‘PUTZ’ (fl. 651). Na mesma data, ROBERTA envia mensagem dizendo: ‘E Antônio, some com esses telefones. Joga fora’”, afirma a investigação.>
Dias depois, em 5 de maio de 2025, a PF aponta que Roberta enviou um áudio tentando tranquilizar Antunes: “Alguns dias depois, em 05 de maio de 2025, ROBERTA envia um áudio para ANTÔNIO CAMILO tentando tranquilizá-lo com o seguinte teor: ‘na época do Fábio falaram de Friboi, de um monte de coisa o (sic) maior... igual agora com você’”.>
Além das mensagens, a apuração cita o depoimento de uma testemunha que afirmou ter ouvido dizer que o Careca do INSS pagava uma espécie de mesada conjunta de R$ 300 mil para Fábio Luís e Roberta Luchsinger. No entanto, o depoente disse não possuir provas concretas desse pagamento e indicou possíveis caminhos para que a PF buscasse elementos de corroboração. >
Ainda segundo a reportagem, a testemunha é o empresário Edson Claro, ex-sócio de Antunes em uma empresa do setor de cannabis medicinal. Após o rompimento da sociedade, os dois passaram a disputar judicialmente o patrimônio da companhia. O Careca do INSS já acusou Claro de furto de veículos, caso que ainda está sob apuração da Polícia Civil de São Paulo.>
A defesa de Roberta divulgou uma nota: >
"Nota à Imprensa>
Os representantes de Roberta Luchsinger esclarecem que a empresária jamais teve qualquer relação com descontos do INSS. Roberta Luchsinger e sua empresa atuam com a prospecção e intermediação de negócios com empresas nacionais e estrangeiras e, nesse âmbito, foi procurada no ano passado pela empresa Brasília Consultoria Empresarial S/A, de Antônio Carlos Camilo Antunes, para atuação na regulação do setor de empresas de canabidiol.>
Cumpre esclarecer que os negócios se mantiveram apenas em tratativas iniciais e não chegaram a prosperar. Cumpre esclarecer, ainda, que mencionadas tratativas se deram em momento anterior às revelações dos desvios de descontos do INSS e da participação de Antônio Carlos Camilo Antunes nas investigações.>
Malgrado tenham discutido, nessa fase embrionária, diversos ângulos sobre as necessidades de melhoria de regulação do setor e as hipóteses de contratação pelo poder público, nenhum contrato público foi celebrado jamais foi celebrado e nem mesmo negociado.">