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Carol Neves
Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 08:52
A nova fase da Operação Sem Desconto, iniciada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (18), teve como foco inicial o cumprimento de mandados de prisão contra suspeitos de integrar um esquema nacional de descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS. Entre os presos estão Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Éric Fidélis, filho do ex-diretor de Benefícios do órgão, André Fidélis. O total de detenções ainda está em atualização. >
Além das prisões, a operação também resultou no afastamento do secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, que teve prisão domiciliar decretada. Ele é ex-chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA), que também figura entre os alvos da ofensiva policial, com mandados de busca e apreensão cumpridos em endereços ligados ao parlamentar.>
Como simular sua aposentadoria no INSS
Ao todo, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo executados 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares. As ações ocorrem simultaneamente nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.>
Weverton Rocha é vice-líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado e atua como relator de matérias de grande relevância, como a indicação de Jorge Messias para o STF e a proposta de revisão da Lei do Impeachment.>
Segundo a Polícia Federal, esta etapa da investigação busca “esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”.>
Esquema>
As apurações tiveram início após a PF revelar, em abril, um esquema que teria operado entre 2019 e 2024, com descontos mensais aplicados sem autorização sobre benefícios de aposentados e pensionistas. Conforme os investigadores, os prejuízos podem alcançar R$ 6,3 bilhões.>
De acordo com a investigação, os valores eram retirados como se os beneficiários tivessem aderido a associações de aposentados, o que não ocorreu. À época, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, afirmou que as entidades alegavam oferecer serviços e vantagens, mas não possuíam estrutura para cumprir o que prometiam.>
Onze associações foram alvo de medidas judiciais, e os contratos firmados com aposentados e pensionistas foram suspensos. A crise provocada pelo caso levou à saída do então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), que pediu demissão. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, atual titular da pasta.>
Em resposta às irregularidades, o governo federal anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente. O ressarcimento está sendo feito em parcela única, e o prazo para contestação foi estendido até 14 de fevereiro de 2026.>
Os pedidos de devolução podem ser feitos por meio do aplicativo ou site Meu INSS, pelo serviço “Consultar Descontos de Entidades Associativas”; pela Central 135, com ligação gratuita de segunda a sábado, das 7h às 22h; ou presencialmente em mais de 5 mil agências dos Correios, que oferecem atendimento assistido e gratuito.>