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Carol Neves
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 10:40
A ofensiva de parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou força esta semana em Brasília. Um grupo de senadores e deputados ocupou o plenário do Senado na tentativa de forçar o andamento de dois projetos: a proposta de anistia a condenados por tentativa de golpe e o pedido de impeachment do ministro. >
Segundo o portal IG, até esta quarta-feira (6), os bolsonaristas alegam ter reunido 39 assinaturas de apoio ao pedido de impeachment, faltando apenas duas para formalizar o protocolo junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União). No entanto, o número de adesões, apesar de simbólico, não tem peso jurídico direto sobre a abertura do processo.>
A decisão de aceitar ou não o pedido cabe exclusivamente ao presidente do Senado. A coleta de assinaturas tem caráter meramente político e não obriga Alcolumbre a dar andamento à denúncia.>
Alexandre de Moraes
Quem pode abrir um processo de impeachment contra ministro do STF?>
Ao contrário do impeachment de um presidente da República, que precisa ser aprovado pela Câmara antes de seguir ao Senado, no caso de um ministro do STF o processo tramita diretamente no Senado Federal. A regra está prevista na Constituição (artigo 52, inciso II) e no Regimento Interno do Senado (artigo 377, inciso II).>
Ou seja, tudo depende do presidente da Casa. É ele quem pode dar andamento ou arquivar o pedido, independentemente de quantas assinaturas sejam colhidas.>
Se a denúncia for aceita, é convocada uma sessão presidida pelo próprio presidente do Supremo Tribunal Federalm atualmente Luís Roberto Barroso, mas a partir de setembro quem assume o cargo é Edson Fachin.>
Para que o impeachment avance, são necessários os votos favoráveis de dois terços dos senadores, o equivalente a 54 dos 81 membros. >
O que pode levar à perda do cargo?>
A Lei 1.079/1950 define quais são os crimes de responsabilidade que podem justificar o afastamento de um ministro do STF. Entre eles estão:>
- Alterar votos sem respeitar os ritos processuais>
- Julgar causas nas quais é suspeito>
- Atuar politicamente de forma partidária>
- Negligenciar os deveres do cargo>
- Ferir a honra e o decoro da função>
Se condenado, o ministro perde o cargo, fica inelegível por oito anos e pode enfrentar outras sanções judiciais.>
Obstrução>
A mobilização liderada por aliados de Bolsonaro teve início na terça-feira (5) e encerrou na noite de ontem. O grupo ocupou a Mesa Diretora do Senado, impedindo o avanço das votações em plenário. >
A manifestação aconteceu como reação à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada na segunda-feira (4), e mira principalmente o ministro Alexandre de Moraes, relator de inquéritos que envolvem Bolsonaro e seus aliados em supostas tentativas de golpe de Estado.>