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Elaine Sanoli
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 17:01
Na tarde desta terça-feira (5), deputados da oposição e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram em uma manifestação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Os políticos já haviam anunciado mais cedo a obstrução dos trabalhos legislativos na Câmara e no Senado em protesto contra a prisão. Moraes decretou, na segunda-feira (4), a prisão domiciliar de Bolsonaro após reconhecido o descumprimento de medidas cautelares pelo ex-chefe do Executivo brasileiro. A principal delas era a proibição de uso de redes sociais, inclusive por terceiros.>
Em vídeos que circulam nas redes sociais, dezenas de parlamentares gritam, em coro: “Fora, Moraes”. Este é um dos pedidos dos políticos no chamado "pacote da paz". Durante coletiva no Senado mais cedo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou o o pacote, que reúne propostas como a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, medida que está paralisada na Câmara dos Deputados.>
O vice-presidente da Câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), declarou que, caso assuma interinamente o comando da Casa, pretende colocar a proposta em votação mesmo sem o aval do presidente em exercício, Hugo Motta (Republicanos-PB). >
Outra frente do movimento é a retomada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim do foro privilegiado para parlamentares em casos de crimes comuns. A proposta foi aprovada no Senado em 2017 e aguarda votação na Câmara desde então. Na prática, a PEC retira do STF a atribuição de julgar deputados e senadores acusados de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro ou peculato, transferindo esses processos à Justiça de primeira instância.>
Os parlamentares também alegam que a atual aplicação do foro privilegiado tem sido utilizada de forma seletiva. Para o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), mudanças recentes na jurisprudência do STF teriam mantido Bolsonaro sob julgamento da Corte, mesmo após deixar o cargo. "O foro foi ampliado justamente, na nossa opinião, para que o ex-presidente Bolsonaro fosse alcançado por uma Turma do Supremo", afirmou.>
No mesmo "pacote de paz", a oposição incluiu a defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Essa análise cabe exclusivamente ao Senado. Marinho criticou o senador Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por supostamente não abrir espaço para diálogo com o grupo. "É preciso ter estatura para conduzir o processo", disse o senador potiguar.>