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Tharsila Prates
Publicado em 2 de setembro de 2025 às 21:00
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por volta das 18h desta terça-feira (2), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista. O processo será retomado em sua segunda sessão nesta quarta-feira (3), às 9h, quando serão ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.>
A manhã desta terça foi destinada à leitura do relatório da ação penal pelo ministro-relator Alexandre de Moraes. O documento contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento. Ele fez uma forte manifestação em defesa das competências da Corte e reagiu a tentativas de interferência e influência na ação que pode levar à condenação do ex-chefe do Executivo e seus ex-auxiliares.>
Depois de Moraes, foi a vez do procurador-geral da República, Paulo Gonet, pedir a condenação dos réus. "A tentativa de convencimento de autoridades do Exército e da Aeronáutica para o golpe não obteve o êxito esperado. O grupo conspirador enxergou, então, na geração de um cenário de instabilidade social uma conjuntura útil para os seus propósitos. Apta a motivar providências interventivas, arrastando o Exército para as peripécias aspiradas, o 8 de janeiro de 2023, que não teria sido o objetivo principal do grupo, passou a ser desejado e incentivado quando se tornou a verdadeira opção disponível", destacou Gonet.>
Após o intervalo para almoço, os ministros começaram a ouvir as sustentações dos advogados dos oito réus, e o julgamento recomeçou por volta das 14h15.>
A primeira a falar foi a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O advogado defendeu a manutenção do acordo de delação premiada e negou que o militar tenha sido coagido pelo ministro Alexandre de Moraes e integrantes da Polícia Federal a delatar.>
Em seguida, o advogado do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem negou que tenha sido determinado o monitoramento ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de desafetos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o advogado Paulo Renato Cintra, Ramagem apenas “compilava pensamentos do presidente da República”.>
A defesa do almirante Almir Garnier negou nesta terça-feira (2) que o militar tenha colocado as tropas à disposição da tentativa de golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022. >
Último a se manifestar neste primeiro dia de julgamento, a defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal da Justiça Anderson Torres classificou a chamada minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal (PF) como "minuta do Google".>
As sessões no STF vão ocorrer até o dia 12 de setembro.>