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Carol Neves
Publicado em 27 de dezembro de 2025 às 07:44
Após ser detido no Paraguai ao tentar embarcar para o exterior, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi entregue às autoridades brasileiras e passou a noite sob custódia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Ele deve ser transferido para Brasília até o início da tarde deste sábado (27). >
A prisão ocorreu na madrugada desta sexta-feira (26), no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção. Segundo a Polícia Federal, Vasques tentava seguir viagem para El Salvador utilizando documentos falsificados. Após a detenção, ele foi levado de carro pelas autoridades paraguaias até a região de fronteira, sendo entregue à PF brasileira na Ponte da Amizade, por volta das 20h30.>
O ex-diretor da PRF chegou ao local encapuzado e algemado, escoltado por agentes da Polícia Nacional do Paraguai. Depois de ser apresentado aos policiais federais brasileiros, teve o capuz retirado e foi colocado em uma viatura da PF.>
Silvinei Vasques é preso no Paraguai tentando fugir
No Brasil, Vasques deverá ser encaminhado ao sistema prisional. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva do ex-diretor da PRF após a tentativa de fuga. Até então, ele cumpria prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.>
“A fuga do réu, caracterizada pela violação das medidas cautelares impostas sem qualquer justificativa, autoriza a conversão das medidas cautelares em prisão preventiva”, afirmou Alexandre de Moraes na decisão.>
Tentativa de fuga>
Alertas foram acionados após a Polícia Federal identificar, na madrugada do dia de Natal, a perda do sinal de GPS da tornozeleira eletrônica usada por Vasques. Por volta das 23h do dia 25 de dezembro, uma equipe foi até o endereço do ex-diretor, mas ele não foi localizado. O ministro do STF foi comunicado e, em seguida, determinou a prisão preventiva.>
As autoridades paraguaias foram acionadas e efetuaram a prisão. Em nota, a Polícia Nacional do Paraguai informou que a detenção ocorreu após alerta do Comando Tripartite, mecanismo de cooperação policial e de inteligência entre Brasil, Argentina e Paraguai. A identidade de Vasques foi confirmada após consulta à Polícia Federal brasileira.>
De acordo com as investigações, Vasques teria saído de Santa Catarina e seguido de carro até Assunção. Mesmo condenado, ele ainda não cumpria pena em regime fechado porque os prazos para apresentação de embargos pela defesa não haviam sido encerrados.>
Ex-diretor tentou impedir votos de eleitores do Nordeste>
Em 16 de dezembro, o ex-diretor da PRF foi condenado pelo STF a 24 anos e seis meses de prisão no julgamento do núcleo 2 da trama golpista. Ele foi considerado culpado pelos crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.>
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Vasques deu ordens ilegais para que policiais rodoviários federais realizassem blitze com o objetivo de dificultar o deslocamento de eleitores no segundo turno das eleições de 2022, em 30 de outubro, especialmente na região Nordeste. A defesa nega que ele tenha atuado para barrar eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirma que o ex-diretor foi alvo de notícias falsas nas redes sociais.>
Vasques já havia sido preso anteriormente em agosto de 2023, por determinação de Alexandre de Moraes, que considerou o risco de interferência em depoimentos de agentes da PRF. Ele permaneceu detido por cerca de um ano e foi solto mediante cumprimento de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, suspensão do porte de arma, proibição de sair do país e de utilizar redes sociais.>
Em janeiro deste ano, chegou a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação da prefeitura de São José, em Santa Catarina, a convite do prefeito Orvino Ávila (PSD), mas deixou o cargo após a condenação no STF.>
Silvinei Vasques é o terceiro condenado no caso da trama golpista a tentar deixar o país. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso em novembro após tentar romper a tornozeleira eletrônica, enquanto o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) conseguiu viajar aos Estados Unidos e é considerado foragido pela Justiça, já que não fazia uso do equipamento de monitoramento.>