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Sem Chico Xavier e Divaldo Franco, como fica a liderança do movimento espírita no Brasil?

Morte de médium baiano deixa em aberto posição de referência na religião

  • Foto do(a) author(a) Esther Morais
  • Esther Morais

Publicado em 15 de maio de 2025 às 05:30

Divaldo Franco
Divaldo Franco Crédito: Divulgação

Se o papa morre, logo há definição de um conclave para a nomeação de um novo líder. Em outras denominações cristãs ou de matriz africana, se um líder sai do posto, também há uma ordem de sucessão. Mas, como isso acontece no espiritismo? A morte de Divaldo Franco, considerado sucessor de Chico Xavier, jogou luz sobre quem vai assumir o posto de referência na religião.

Apesar dos questionamentos, para representantes do meio, não há sucessor. O presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), Marcel Mariano, explica: "Divaldo e Chico são personalidades raras que surgem de tempos em tempos na Terra. São únicos".

"Então, de certa forma, o movimento continua desfalcado de uma figura extraordinária, porque Divaldo emprestou brilho, carisma e trouxe respeito ao espiritismo como a gente nunca viu", acrescenta. 

O presidente da Mansão do Caminho, Mario Sérgio Pintos Almeida, concorda. "Não existe uma sucessão. Não existe alguém. Nós, aqui na Mansão, não temos ninguém nem parecido com o Divaldo Franco. Nem sombra do que é o Divaldo. Mas a obra continua. Sem dúvida, a obra continua", diz. 

A questão é que o espiritismo não possui uma hierarquia formal, como a encontrada em outras religiões. Não há representantes oficiais que detêm autoridade sobre a doutrina em todo país. Pelo contrário, é comum que, dentro dos centros espíritas, existam pessoas com mais experiência ou fundadores que podem ter mais peso em decisões.

Nas casas, quem comanda é a pessoa mais experiente ou mesmo o fundador do centro. Divaldo, por exemplo, fundou ao lado de Nilson de Souza Pereira o Centro Espírita Caminho da Redenção (1947) e a Mansão do Caminho (1952).

"Dentro da doutrina espírita nós temos a visão da reencarnação, na qual nós temos múltiplas existências que compõem o que a gente chama de vida espiritual, a vida imortal. Acreditamos que nós somos criados a partir de Deus, temos um princípio, mas, a partir disso, não teremos um fim. E essa imortalidade se dá em momentos de reencarnação. Espíritos que já atingiram o patamar de evolução podem retornar para trazer a sua contribuição, mas agora não mais como uma reencarnação simples, acabam sendo verdadeiros missionários", revela Leonardo Machado, médico psiquiatra e diretor do núcleo de psiquiatria da Mansão do Caminho.

Não ter uma hierarquia, no entanto, não significa que outro grande nome não possa surgir na religião, ressalta Mariano. Em geral, quem se torna referência têm pontos em comum: como uma figura e oratória fortes e popularidade por meio dos trabalhos sociais. Vale ressaltar, ainda, que Chico Xavier e Divaldo Franco eram médiuns, pessoas capazes de se comunicar com os espíritos.

"Divaldo Franco foi o último dos grandes médiuns existentes no mundo. Então, no futuro nós, possivelmente, teremos outros espíritos que chegarão para continuar orientando a humanidade", complementa Mario Sérgio.

Para o médium José Medrado, fundador do Centro Espirita Cidade da Luz, o líder espírita baiano deixa um grande legado social. "Ele foi ponto de referência para milhares de oradores espíritas. As pessoas começavam as pregações imitando ele, buscando ele como referencia e se colocando como pregar com as mesmas características", reconhece

Divaldo Franco, o sucessor de Chico Xavier

Nascido em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, no interior da Bahia, Divaldo começou a ouvir espíritos desde criança e foi responsável por mais de 20 mil conferências, realizadas em mais de 2,5 mil cidades e 71 países ao redor do mundo.

Com mais de 260 obras publicadas e mais de 10 milhões de exemplares vendidos, ele deixou um legado literário espírita que abrange mais de 200 autores espirituais nos mais diversos temas e gêneros textuais. Ele é considerado pelos religiosos como o segundo nome mais importante no espiritismo brasileiro, atrás apenas de Chico Xavier -  um médium e filantropo que escreveu mais de 450 livros e, até o ano de 2010, já havia vendido mais de 50 milhões de exemplares.

Divaldo se tornou um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade e teve suas obras traduzidas para até 17 idiomas. Ele ainda fundou, ao lado de Nilson de Souza Pereira, o Centro Espírita Caminho da Redenção (1947) e a Mansão do Caminho (1952).

O sepultamento de Divaldo ocorrerá nesta quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.