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Esther Morais
Publicado em 11 de maio de 2025 às 14:00
Com a chegada do Dia das Mães, uma pergunta profunda e necessária se impõe: você sabe o que seu filho realmente gostaria que você soubesse? Na sala de terapia, onde adolescentes se sentem livres para falar sem medo de julgamento, muitas vezes surgem confissões poderosas e dolorosas: “Eu só queria ser deixado em paz”, “queria não existir por um tempo”, “ninguém me entende”. >
Para os pais, separados pelo abismo de gerações, também é difícil entender - e em certas situações, saber respeitar - as individualidades dos filhos. Por isso, a psicóloga Terena Cardoso, que atua como Terapeuta na clínica Vínculo - Espaço Terapêutico e de Parentalidade - há oito anos separou alguns pensamentos que os filhos gostariam que os pais soubessem. >
Segundo a especialista, os adolescentes na terapia trazem como principais desafios a falta de validação. É quando, por exemplo, o pai ou a mãe não reconhece o esforço da criança, não acreditam no que está dizendo ou quando comparam. “Isso causa um processo traumático às vezes irreversíveis, eles se tornam adultos com autoestima baixa”, alerta.>
Outra situação é quando há brigas dentro de casa - mesmo quando a criança não é o alvo. “Se os pais soubessem o quanto deprimem a criança quando a família briga, entenderiam o tamanho do problema. Às vezes, enquanto adultos, sabemos que um casal briga, a família pode ter momento pontual de toxicidade, mas para o adolescente não funciona assim. Acaba normalizando a violência”, explica.>
Ainda é importante que, no processo de validação (dica número 1), os pais entendam que as crianças têm suas individualidades, com desejos próprios e uma forma única de lidar com suas emoções. O que seu filho gosta de fazer - e como - pode ser diferente do seu. E não há problema nisso. No entanto, é preciso impor limites, inclusive no uso das redes sociais. A psicóloga orienta o monitoramento das atividades, por exemplo. >
“Sinto que os pais querem que o filho corresponda com o que ele faria. [A depender do caso], o ideal é tentar entender quem são as companhias, por que o filho fez aquilo, ao invés de ir para o embate, isso afasta o adolescente”, diz. >
Para recalcular a rota, a orientação da psicóloga é buscar ajuda profissional - isso pode evitar o estabelecimento de transtornos que a relação se afaste por completo -, entender que não pode deixar de ser firme e persistente e se interessar verdadeiramente pela vida do seu filho, apesar do cansaço,>
“Vivemos em uma geração de pais mais sensíveis, que desejam ter uma boa relação com seus filhos, serem compreendidos, e não ser vistos como os ‘chatos’. Mas a verdade é que, para um adolescente, o cérebro ainda está em formação, ele não nasce com autocontrole, disciplina ou noção de consequência. Tudo isso é aprendido com muita repetição, insistência e presença firme dos pais”, acrescenta a terapeuta. >