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Bíblia nas escolas: já divulgaram qual delas deveríamos usar?

Em verdade vos digo que cristãos utilizam mais de 200 diferentes versões do “livro sagrado”

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 12 de junho de 2025 às 15:24

Entre mais de 200 versões, qual seria a escolhida?
Entre mais de 200 versões, qual seria a escolhida? Crédito: Shutterstock

Os “intervalos bíblicos” acontecem em escolas públicas e privadas de 19 estados brasileiros. Em 13 capitais, existem propostas legislativas com o objetivo de autorizar o uso da Bíblia como material paradidático. Em Belo Horizonte, um projeto que permite o uso da Bíblia nas escolas foi aprovado pela Câmara Municipal. Em São Luís, há propostas para "espaços de meditação religiosa" e realização de cultos nas escolas. Em Florianópolis, um vereador defende a proteção jurídica para professores e diretores que desejem usar a Bíblia nas aulas. No Ceará, um projeto de lei para incluir a Bíblia nas coleções de instituições foi aprovado em 2024. No Amazonas, outro projeto de lei propõe a leitura de trechos bíblicos nas escolas. Certo, mas perguntar não ofende: é sobre qual Bíblia que estamos falando?

O Brasil é laico, ou seja, não pode privilegiar qualquer religião. A Constituição de 1988 garante a liberdade de crença para todos os indivíduos. Mas vamos supor que não existissem impedimentos legais nem qualquer conflito ético, vamos fantasiar que fosse perfeitamente aceitável a ampla utilização da Bíblia, como material paradidático, em instituições de ensino públicas e privadas. De todos os sentimentos diante dessa proposta, hoje escolho apenas a curiosidade, que é o mais administrável. Que Bíblia seria escolhida para a "catequese" oficial e em massa? Porque veja, ela é muitas, várias e tem as interpretações mais diversas. Em verdade vos digo que a Bible Gateway traz mais de 200 diferentes versões do “livro sagrado”. Todas elas validadas por milhões de cristãos. Ou seja, a situação está simples? Não podemos dizer que está.

Testemunhas de Jeová têm a própria Bíblia por Shutterstock

Repare que cada uma das mais de 200 versões se distingue principalmente pelo número de livros, pela base dos textos originais e pela filosofia de tradução. Essas diferenças refletem as tradições e interpretações de diferentes grupos religiosos, claro. Para os católicos, a Bíblia tem 73 livros: os 27 do Novo Testamento, que são comuns a católicos e protestantes, e 46 no Antigo Testamento. Já as Bíblias protestantes e evangélicas geralmente contêm 66 livros, aderindo a um cânone especificado mais restrito para o Antigo Testamento (39 livros), além dos mesmos 27 livros do Novo Testamento. Já as Testemunhas de Jeová utilizam sua própria versão que se chama Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (TNM).

E não é apenas isso porque ainda há as derivadas, as “interpretações das versões”, as Bíblias, digamos, personalizadas. A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), por exemplo, comercializa uma versão comentada por Edir Macedo, seu líder maior. Ah, já ia esquecendo do Espiritismo que não tem uma versão literal e específica da Bíblia, mas sim um conjunto de obras que interpretam o que está escrito lá. Sim, você já entendeu. Cada Bíblia, cada versão traz, em si, as crenças de determinado grupo religioso. Não é tudo a mesma coisa, quase não é o mesmo livro e não sou eu que estou inventando. São diferentes propostas de mundo, modos e costumes, portanto.

O que concluímos, então, é que a ideia de que a Bíblia precisa estar nas escolas traz um conjunto infinito de problemas, entre os quais definir “qual Bíblia” é apenas o primeiro da fila. Isso porque, além desse e da inconstitucionalidade, ainda há muitos outros, conforme espero que você saiba. Mas vamos falar sobre o resto depois. Primeiro, aguardemos que definam e divulguem a Bíblia escolhida, porque isso já responde a boa parte das perguntas que precisamos fazer sobre intenções, colonizações e mercados. Ou seja, "follow the bible". Aqui, em outro sentido, claro.

Siga no Instagram: @flaviaazevedoalmeida