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Millena Marques
Yan Inácio
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 20:07
A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira (14) o fim da cobrança de tarifas de 40% aplicadas pelos Estados Unidos sobre uma série de itens agrícolas exportados pelo Brasil. Na Bahia, a reversão contemplou especialmente produtos agrícolas. Ao CORREIO, Vladson Menezes, superintendente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), explica como a retirada da tarifa impacta a indústria baiana. >
Essa reversão de algumas tarifas do tarifaço do governo Trump contemplou principalmente produtos agrícolas. Quais são as perspectivas agora para essas indústrias com a reversão das tarifas? >
Aqui, na indústria baiana, a gente identifica principalmente manteiga de cacau e a água de coco. São produtos industrializados que são derivados de produtos agrícolas e têm participação relevante nas exportações do estado para o mercado americano.>
As perspectivas são positivas, naturalmente. Ambos (manteiga de cacau e água de coco) estavam sendo impactados pela tributação. Para citar um exemplo, a água de coco havia registrado uma redução de 28% nas exportações para os EUA este ano.>
No caso da manteiga de cacau, houve queda logo no início do tarifaço, mas o setor já vinha se recuperando. Com a reversão das tarifas, a expectativa é de crescimento das exportações para os Estados Unidos.>
Mas é importante destacar que produtos relevantes para a Bahia, como pneus, ferro-cromo, ferro-silício (as chamadas ferroligas), calçados, magnésia e outros petroquímicos, não foram incluídos na isenção dos 40%. Ou seja, continuam sujeitos a tarifas elevadas.>
Água de coco
Em valores, quanto deixou de ser exportado nesses últimos meses por conta do tarifaço na indústria do cacau e da água de coco?>
As exportações baianas para os Estados Unidos até julho tinham caído 1%. Entre agosto e outubro, a queda foi de 9%, já refletindo o impacto do aumento das tarifas iniciado em agosto.>
Quando analisamos apenas os produtos diretamente afetados nesse período, as exportações da Bahia para os EUA caíram 36% na comparação entre agosto e outubro deste ano e o mesmo período do ano passado — quando não havia a sobretaxa. Isso representa uma redução de aproximadamente US$ 71 milhões no intervalo analisado.>
E sobre os segmentos mencionados?>
A água de coco, entre agosto e outubro de 2024, caiu para US$ 5,622 milhões, mostrando um impacto expressivo.>
A manteiga de cacau, no mesmo período, as exportações somaram US$ 19,4 milhões, contra US$ 16,25 milhões no ano anterior. Ou seja, apesar da tributação, o produto apresentou crescimento, e a perspectiva agora é de avanço ainda maior com a retirada das tarifas.>
E sobre a projeção de perdas de empregos feitas em agosto? Se chegou a falar que a indústria poderia perder 10 mil vagas. Isso se confirmou?>
Não. Na verdade, não se tratava de uma previsão de perda de 10 mil empregos. Aquele número correspondia ao total de empregos nos setores afetados, não a uma projeção de demissões. Alguns segmentos poderiam perder vagas, outros não, isso dependeria do desempenho específico de cada um.>
O que se observou na prática é que diversas empresas buscaram novos mercados, outras reduziram margens, e algumas foram impactadas, mas não houve demissões em larga escala. Portanto, não se consolidou aquela leitura inicial.>