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Agência Correio
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 21:30
Durante décadas, a banha de porco foi esquecida nas cozinhas brasileiras, substituída por óleos vegetais industrializados. Agora, um médico coloproctologista reacende o debate e afirma que o antigo ingrediente pode ser, na verdade, o mais saudável. >
Segundo o especialista Fernando Lemos, em entrevista ao portal ND Mais “os estudos já bateram o martelo”: a banha de porco é uma opção mais segura para o coração e o metabolismo do que os óleos vegetais comuns, desde que usada com moderação.>
Criador do canal Planeta Intestino, com mais de 6 milhões de inscritos, Lemos baseia suas conclusões em pesquisas que relacionam o aumento das doenças cardiovasculares à substituição das gorduras animais por óleos industrializados no século 20.>
Óleo é opção para quem não quer pagar caro no azeite
O médico explica que a principal diferença está na forma como cada gordura se comporta quimicamente. O óleo vegetal, segundo ele, precisa passar por processos industriais para se tornar transparente e sem cheiro. Esse refinamento cria gorduras trans prejudiciais ao organismo.>
Durante o aquecimento, o óleo libera substâncias tóxicas como aldeídos e peróxidos lipídicos, que afetam coração, fígado e cérebro. “No primeiro aquecimento já libera um monte de porcaria para o organismo. Imagine quando esquenta de novo no outro dia”, alerta Lemos.>
A situação é ainda mais grave quando o mesmo óleo é reutilizado em frituras, prática comum em restaurantes. Já a banha de porco, por sua composição mais estável, resiste melhor ao calor e mantém suas propriedades, mesmo após o cozimento.>
De acordo com o especialista, a banha de porco é composta por cerca de 40% de gordura monoinsaturada — a mesma presente no azeite de oliva — e 45% de gordura insaturada, que ajuda a equilibrar o colesterol. Além disso, contém vitamina D, essencial para a saúde óssea e imunológica.>
“O uso moderado da banha não é o que causa infarto, e sim o consumo crônico de óleos vegetais hidrogenados”, afirma Lemos. Ele observa que o aumento das doenças cardíacas coincide com a popularização desses óleos no último século.>
Estudos publicados em revistas científicas como Food & Function e Nutrients confirmam que o aquecimento de óleos vegetais libera compostos tóxicos, enquanto a gordura suína tende a permanecer mais estável e menos inflamatória.>
Mesmo defendendo a banha de porco, o médico faz uma ressalva: é preciso escolher produtos de qualidade. “O ideal é a banha artesanal, extraída de forma natural. Eu mesmo uso uma que vem direto de um produtor local”, contou o especialista.>
Para quem vive em grandes cidades, ele recomenda procurar em feiras ou lojas de produtos naturais. “Mesmo empacotada, com aditivos, ainda é melhor do que óleo vegetal aquecido, que vai oxidar e gerar substâncias tóxicas”, afirma.>
A alternativa para quem não consome carne suína é o óleo de coco, que também resiste bem ao calor e mantém suas propriedades sem gerar compostos nocivos durante o preparo dos alimentos.>
Embora a banha apresente vantagens sobre os óleos vegetais industrializados, Lemos reforça que o segredo está no equilíbrio. “Tudo em excesso faz mal. A banha é segura, mas dentro de uma dieta equilibrada e variada”, diz.>
A Organização Mundial da Saúde também orienta que o consumo total de gorduras saturadas seja moderado, mas não proíbe o uso de gordura animal em contextos culturais e culinários específicos.>