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Agência Correio
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 14:00
Pesquisadores que analisaram dados de mais de 25 mil adultos nos EUA identificaram uma relação inversa linear entre o consumo dietético de creatina e a incidência de câncer: para cada desvio-padrão adicional de ingestão, o risco diminuiu cerca de 5 %. >
Os resultados são mais fortes entre homens e pessoas com sobrepeso, e sugerem que, entre os idosos, a creatina dietética pode exercer um papel ainda mais protetor, mas novas pesquisas prospectivas são necessárias para confirmar essa hipótese.>
Creatina
A creatina, mais conhecida como suplemento usado por atletas, tem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e moduladoras do sistema imunológico. No entanto, seu papel no contexto do câncer ainda é pouco compreendido.>
Para explorar essa questão, pesquisadores utilizaram dados do inquérito nacional de saúde e nutrição dos EUA (NHANES, 2007-2018) para investigar se a ingestão dietética de creatina se associa ao risco de câncer. >
No total, participaram 25.879 adultos com 20 anos ou mais, cujos dados alimentares, perfil clínico e variáveis de confusão foram controlados em modelos estatísticos. >
A análise por splines restritos revelou uma associação linear negativa entre a ingestão de creatina via dieta e o risco de câncer: cada aumento de um desvio-padrão no consumo foi relacionado a uma redução de 5 % no risco ajustado. >
Essa associação protetora foi mais pronunciada entre homens e participantes com sobrepeso. Além disso, ao estratificar por idade, observou-se que entre adultos mais velhos, a associação negativa persistiu de modo estatisticamente significativa>
A mesma análise mostrou que a idade se relaciona positivamente com o risco de câncer: para cada desvio-padrão de aumento na idade, o risco de câncer subiu cerca de 3,27 vezes. >
Esse resultado reforça o papel da senescência e acúmulo de fatores de risco ao longo da vida no desenvolvimento de tumores.>
Dessa forma, embora a creatina dietética pareça exercer efeito protetor, a influência do envelhecimento no risco de câncer permanece dominante nos modelos ajustados.>
Esses achados apontam para a possibilidade de que a creatina, além de seu uso esportivo, possa ter um papel secundário de proteção contra câncer em populações gerais.>
Porém, por tratar-se de um estudo transversal e observacional, não é possível estabelecer causalidade. Fatores não medidos ou vieses de confusão poderiam influenciar os resultados.>
Para confirmar essa hipótese, são necessárias pesquisas prospectivas, com seguimento ao longo do tempo, e ensaios clínicos que avaliem diretamente os efeitos da suplementação de creatina sobre marcadores tumorais ou incidência de câncer.>