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Elis Freire
Publicado em 6 de maio de 2025 às 07:00
A história de que cachorro e gato não se dão bem já foi contada em livros, desenhos animados e passada de boca em boca. Porém, não é uma verdade absoluta que as duas espécies não podem conviver; o fato é que são necessários alguns cuidados na hora de introduzir os dois pets. >
Quando um cão já mora na casa e a tutora resolve adotar um gato — ou vice-versa — a cautela deve ser ainda maior, já que um deles já está adaptado ao ambiente. O CORREIO conversou com o médico veterinário Samuel Rodrigues, que explicou como promover esse encontro da forma mais tranquila possível, respeitando os limites de cada animal.>
Confira as dicas:>
Segundo o especialista que atua na Centervet, o ideal é que a introdução do novo animal aconteça de forma planejada e gradual, respeitando o tempo de cada pet. “Sempre recomendo que os tutores façam essa aproximação com bastante calma e antecedência. Em alguns casos, como viagens ou adoções inesperadas, isso nem sempre é possível, mas o ideal é preparar o ambiente com antecedência”, orienta. >
A primeira dica é separar um cômodo da casa onde o novo pet ficará nos primeiros dias. Esse espaço deve conter tudo o que ele precisa: água, comida, brinquedos e local apropriado para necessidades — caixa de areia para gatos ou tapetinho higiênico para cães. Assim, o animal residente não se sente invadido e o recém-chegado pode se ambientar sem estresse.>
Um dos principais conselhos do veterinário é evitar o contato visual nos primeiros momentos. A adaptação deve começar pelo cheiro, trocando objetos entre os pets, como mantas ou brinquedos. Isso ajuda a reduzir o estranhamento e permite que ambos reconheçam o odor um do outro antes de se verem.>
“É importante que não haja interação visual à principio. Os gatos, principalmente, podem se sentir ameaçados visualmente. Por isso, começamos trocando os cheiros. Depois, passamos a permitir que se aproximem por frestas de portas ou por baixo delas”, explica Rodrigues. Nessa fase, é comum que alguns gatos apresentem comportamentos de estresse, como urinar fora do lugar habitual ou emitir sons de alerta — o que é um sinal de desconforto e deve ser respeitado.>
De acordo com o profissional, em alguns casos pode ser necessário o uso de feromônios sintéticos ou até mesmo calmantes leves prescritos por um veterinário, como a gabapentina, para ajudar os animais a lidarem com a mudança no ambiente.>
“Essas ferramentas podem ser grandes aliadas, mas devem ser usadas sempre com acompanhamento profissional, pois cada animal reage de uma forma diferente”, ressalta Samuel.>
Depois que os animais se acostumarem com o cheiro um do outro, pode-se iniciar um contato visual à distância, explica o veterinário. Nesse momento, é importante que cada um esteja em um canto seguro, sem que a interação seja forçada.>
“Jamais devemos forçar um encontro, colocar um no colo e aproximar do outro para tirar uma foto, por exemplo. Isso pode gerar traumas”, alerta Rodrigues. A dica é permitir que o cão e o gato explorem o espaço juntos, mas com liberdade para se afastarem caso se sintam desconfortáveis.>
Cada animal tem seu tempo. Alguns aceitam o novo amigo em poucos dias, outros podem levar meses. Os sinais de aproximação positiva incluem tolerância à presença do outro, brincadeiras leves e interesse em cheirar. Já sinais negativos, como agressividade ou isolamento, indicam que a adaptação deve ser pausada.>
“É fundamental observar o comportamento de ambos e, se necessário, buscar orientação de um veterinário ou de um especialista em comportamento animal”, afirma Rodrigues.>
Além disso, o tutor deve garantir esconderijos e refúgios seguros, especialmente para os gatos, que costumam buscar lugares fechados para se proteger. “A caixa de transporte, por exemplo, pode ser um ótimo refúgio se estiver disponível dentro de casa”, completa.>
O veterinário reforçou que a convivência entre cães e gatos é totalmente possível, desde que seja conduzida com calma, paciência e empatia. “Para os animais, o novo pet é um intruso que altera o cheiro, o território e até o modo de vida. Por isso, os tutores precisam se colocar no lugar deles e respeitar esse processo de adaptação”, concluiu o especialista. >