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Agência Correio
Publicado em 31 de julho de 2025 às 05:45
Na pequena Lanjarón, cidade no sul da Espanha, um decreto inusitado virou assunto em 1999: estava oficialmente proibido morrer aos sábados e domingos. A iniciativa, assinada pelo então prefeito José Rubio, usava o humor para chamar atenção a um problema sério. >
Lanjarón, na Espanha
Com cerca de 4 mil habitantes à época, o município da província de Granada enfrentava a superlotação do cemitério local, o que dificultava garantir sepultamentos adequados. Sem espaço para novos túmulos, a Prefeitura buscava alternativas, como a aquisição de um novo terreno, enquanto promovia o decreto como alerta simbólico.>
No texto da medida, os moradores eram aconselhados a “tomar extremo cuidado com a saúde” e evitar morrer até que o governo local encontrasse uma solução. “Pedimos encarecidamente que ninguém faleça até que tenhamos espaço digno para nossos mortos”, dizia o documento, em tom irônico.>
Segundo reportagens da época, a proposta foi recebida com bom humor pela população. Rubio declarou ao jornal norte-americano Deseret News que o objetivo era provocar reflexão e pressionar por agilidade na resolução do impasse.>
Situação semelhante ocorreu no Brasil, em 2005, quando a cidade paulista de Biritiba Mirim também decidiu tornar “ilegal” morrer. À frente da medida estava o prefeito Roberto Pereira da Silva, que sancionou uma lei municipal proibindo o falecimento de moradores.>
O motivo era o mesmo: o cemitério municipal estava lotado, e regras ambientais impediam a construção de um novo. A ação, simbólica, buscava chamar atenção de autoridades estaduais e federais.>
Somente em 2010, após mobilização popular e revisão das normas por parte do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o município conseguiu viabilizar um novo cemitério no bairro Jardim Takebe, com capacidade para até 12 mil sepultamentos.>