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Cientistas descobrem uma diferença biológica fundamental entre psicopatas e pessoas normais

Novo estudo identifica um estriado até 10% maior em indivíduos com traços psicopáticos, um possível marcador biológico do comportamento impulsivo e antissocial

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 21:00

Novo estudo é importante para diganóstico
Novo estudo é importante para diganóstico Crédito: Freepik

Uma equipe internacional de neurocientistas identificou uma diferença estrutural consistente no cérebro de pessoas com traços psicopáticos: um estriado cerca de 10% maior que o de indivíduos sem esse perfil. A descoberta reforça a hipótese de que a psicopatia tem raízes no neurodesenvolvimento.

O achado, observado em homens e mulheres, pode redefinir o entendimento científico sobre impulsividade, busca por estímulos e comportamento antissocial, abrindo caminho para novas estratégias de avaliação e intervenção.

Atividade cerebral por Shutterstock

A descoberta que diferencia psicopatas no nível biológico

Pesquisadores da NTU Singapura, da Universidade da Pensilvânia e da Universidade Estadual da Califórnia analisaram exames de ressonância magnética de 120 adultos e encontraram uma diferença clara: psicopatas apresentam um estriado significativamente maior. O estriado é uma estrutura subcortical fundamental para motivação, recompensa, tomada de decisão e ação motora.

O aumento volumétrico, cerca de 10%, fornece uma evidência objetiva de que o comportamento psicopático pode estar ligado a alterações anatômicas no cérebro, e não apenas a fatores ambientais ou sociais. Isso marca um avanço relevante para o campo da neurocriminologia, que busca entender as bases biológicas do comportamento desviante.

Traços psicopáticos incluem frieza emocional, egocentrismo, falta de empatia e impulsividade, características que, embora presentes em graus variados na população, são mais intensas em indivíduos avaliados como psicopatas pela Psychopathy Checklist-Revised, ferramenta usada no estudo.

O estriado: o “motor” da impulsividade e da busca por risco

O estriado já era conhecido por seu papel na regulação de recompensas e comportamentos motivados, mas a nova pesquisa fornece uma evidência estrutural que conecta diretamente seu tamanho a tendências psicopáticas. Participantes com estriados maiores demonstraram maior impulsividade e busca constante por estimulação, padrões comumente associados à psicopatia.

Essa região integra os gânglios da base, responsáveis por processar informações do córtex cerebral e influenciar respostas comportamentais. Quando hiperativado ou estruturalmente alterado, o estriado pode predispor indivíduos a decisões arriscadas e condutas antissociais, reforçando a tese de que a psicopatia tem um componente neurobiológico mensurável.

Embora nem todo psicopata seja criminoso, e nem todo criminoso seja psicopata, a literatura científica mostra que esses grupos frequentemente se sobrepõem no que diz respeito a impulsividade, agressividade e dificuldade em inibir comportamentos prejudiciais.

Psicopatia como fenômeno neurodesenvolvimental

Os cientistas também observaram que o estriado tende a diminuir naturalmente ao longo do desenvolvimento, da infância à vida adulta. O fato de psicopatas apresentarem um estriado maior sugere que seu cérebro pode não acompanhar esse padrão típico de maturação, hipótese reforçada por estudos genéticos e familiares.

Segundo os autores, é possível que fatores hereditários contribuam para essa diferença estrutural, indicando que a psicopatia pode emergir de trajetórias neurodesenvolvimentais atípicas. No entanto, eles destacam que o ambiente também desempenha papel crucial, podendo potencializar ou mitigar predisposições biológicas.

Participantes femininas, apenas 12 no total, apresentaram o mesmo padrão estrutural observado nos homens, um dado inédito que amplia a compreensão da psicopatia como condição que atravessa gêneros, ainda que com manifestações comportamentais possivelmente distintas.

Implicações e próximos passos da pesquisa

A descoberta reforça a importância de avaliar a psicopatia não apenas a partir de comportamentos, mas também a partir de marcadores biológicos. Ao revelar uma diferença cerebral concreta, o estudo abre caminho para futuras investigações sobre prevenção, diagnóstico e até intervenções personalizadas para comportamentos antissociais.

Pesquisadores agora pretendem descobrir por que alguns indivíduos desenvolvem estriados maiores e de que forma essa estrutura interage com o ambiente ao longo da vida. O objetivo é identificar se o aumento do estriado é causa, consequência ou parte de um ciclo mais amplo que envolve genética, neurodesenvolvimento e experiência.

O trabalho, publicado no Journal of Psychiatric Research, contribui para consolidar a psicopatia como um fenômeno multifatorial e sugere que compreender o cérebro desses indivíduos é fundamental para desenvolver políticas de prevenção e estratégias terapêuticas mais eficazes.