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Agência Correio
Publicado em 26 de julho de 2025 às 05:34
Brasileiros passam, em média, nove horas por dia usando telas, posicionando o país como o segundo no ranking mundial de tempo em dispositivos digitais, atrás apenas da África do Sul. Este dado alarmante, revelado por um levantamento global da Electronics Hub com base no relatório Digital 2023, representa mais da metade do tempo acordado diariamente. >
Esse hábito se tornou um risco silencioso para a saúde, gerando problemas de visão, dores musculares crônicas e até distúrbios do sono. Além disso, a saúde mental também sofre impactos significativos.>
O mais preocupante é que muitas pessoas sequer percebem os sinais de alerta até que os danos estejam em um estágio avançado, dificultando a recuperação. A conscientização é o primeiro passo para a prevenção.>
Celular
Seus olhos são os primeiros a sentir o impacto do uso prolongado de telas. A exposição contínua está diretamente ligada ao aumento de casos de miopia, sobretudo em crianças e adolescentes. O doutor em oftalmologia Lucca Ortolan, da USP, explica ao portal Techtudo que "o esforço contínuo para focar em objetos próximos pode alterar a estrutura ocular".>
Um estudo com universitários na Arábia Saudita mostrou que 66% dos participantes sofreram sintomas como olhos secos e dores de cabeça após longos períodos no celular. Além disso, a luz azul emitida pelas telas suprime a produção de melatonina, hormônio essencial para uma boa noite de sono, comprometendo seu descanso.>
A má postura adotada ao usar o celular sobrecarrega sua cervical de maneira impressionante. A fisioterapeuta Débora Botte alerta que "a cabeça de um adulto pesa cerca de 5 kg, mas ao inclinar para frente, a pressão sobre a coluna pode chegar a 27 kg". Essa tensão constante culmina em problemas sérios.>
Problemas comuns incluem o "text neck", uma dor crônica no pescoço causada pela má postura prolongada. Adicionalmente, movimentos repetitivos de digitação podem levar à tendinite no polegar, enquanto a compressão de nervos provoca formigamento nas mãos.>
O excesso de estímulos digitais altera a química cerebral, impactando sua mente. A psicóloga Karina Stryjer aponta que "o cérebro libera dopamina a cada notificação, criando um ciclo vicioso de recompensas rápidas que prejudicam a concentração em tarefas longas". Assim, sua capacidade de foco diminui.>
Dados da pesquisa TIC (tecnologia de informação e comunicação) Domicílios 2022, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), mostram que 92 milhões de brasileiros acessam a internet somente pelo celular, e 61% relatam dificuldade em se desconectar após o trabalho. Esse cenário demonstra a dependência crescente e seus efeitos na vida cotidiana.>
Reduzir os danos causados pelo uso excessivo do celular é possível com hábitos conscientes. Especialistas recomendam programar intervalos regulares: a cada 30 ou 40 minutos de uso, faça uma pausa de 5 minutos para levantar, alongar e descansar os olhos.>
Ajustes simples nas configurações do seu smartphone também ajudam. Diminua o brilho da tela para um nível confortável e ative o modo noturno após o pôr do sol para reduzir a fadiga ocular. Monitorar o tempo de uso diário é um primeiro passo para a autoconsciência.>
Para quem trabalha ou estuda com o celular, alternar posições corporais previne dores musculares. Utilizar um suporte que eleve o aparelho à altura dos olhos evita a inclinação excessiva da cabeça. Considerar o uso de comandos de voz em vez de digitar dá um descanso valioso aos dedos e punhos.>