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Agência Correio
Publicado em 31 de agosto de 2025 às 15:30
No coração árido da Austrália, Coober Pedy revela um segredo fascinante: a maioria de seus habitantes vive em casas escavadas sob a terra. Esta é uma resposta engenhosa aos verões que atingem 52°C, combinando conforto e economia para os mineradores de opala.>
Conhecida como “homem branco em um buraco” em aborígene australiano, Coober Pedy mostra como 60% de sua população desfruta de uma temperatura constante e agradável o ano inteiro no subsolo, desafiando um dos climas mais extremos do planeta.>
Coober Pedy
De fato, este modo de vida, peculiar à primeira vista, é uma estratégia inteligente e altamente funcional. Com o aquecimento global, a experiência da cidade oferece valiosos insights sobre adaptação e sustentabilidade para o futuro das moradias urbanas.>
Coober Pedy, localizada a 848 km ao norte de Adelaide, enfrenta verões insuportáveis, com temperaturas que chegam a 52°C. Nestas condições, pássaros caem do céu e eletrônicos precisam ser guardados no refrigerador, destacando a severidade do calor.>
Contudo, sob a terra, a situação muda drasticamente. As casas subterrâneas mantêm uma temperatura constante de 23°C, 24 horas por dia, o ano todo. Esta estabilidade térmica proporciona um conforto inigualável, tornando a vida muito mais suportável.>
Além do bem-estar térmico, morar no subsolo oferece economia significativa. Ligar o ar-condicionado na superfície é “caro e impraticável”. Jason Wright, morador, explica: “para viver acima do solo, você paga uma verdadeira fortuna pelo aquecimento e refrigeração.”>
Adicionalmente, essas propriedades são surpreendentemente acessíveis. Em um leilão recente, casas de três quartos custaram cerca de 40 mil dólares australianos, um valor muito inferior aos 700 mil dólares australianos praticados em Adelaide.>
Outro benefício notável é a ausência de insetos. Wright relata que “as moscas saem das suas costas, elas não querem entrar no escuro e no frio” ao se aproximar de uma entrada. A vida subterrânea garante paz e tranquilidade, livre de poluição sonora.>
Curiosamente, a vida subterrânea pode oferecer proteção contra terremotos. Jason Wright descreve tremores como um “ruído vibrante que aumenta e passa sem abalá-lo”, embora a segurança dependa da complexidade e profundidade das estruturas.>
A praticidade de construir no subsolo em Coober Pedy é única, graças à rocha local. Barry Lewis, do centro turístico, afirma: “Elas são muito moles, você pode raspá-las com um canivete ou com a unha,” facilitando a escavação e ampliação de casas.>
Atualmente, máquinas perfuradoras industriais constroem uma casa em menos de um mês, removendo seis metros cúbicos de rocha por hora. Projetos de reforma frequentemente resultam em achados valiosos, como a gema encontrada ao instalar um chuveiro.>
O arenito local é estruturalmente estável sem a necessidade de apoios adicionais. Consequentemente, é possível construir salões espaçosos, com pé-direito alto e em diversas formas. Muitos moradores desfrutam de casas de luxo, com piscinas e salões de jogos.>
Um morador chegou a descrever sua casa como “um castelo”, com 50 mil tijolos aparentes e portas em arco. Jason Wright destaca: “Temos alguns subterrâneos surpreendentes por aqui,” revelando o luxo e a criatividade escondidos sob o solo da cidade.>
Embora o modelo de Coober Pedy não se aplique a todas as regiões, sendo ideal para locais secos, ele é um exemplo notável. Em contraste, regiões úmidas, como o metrô de Londres, enfrentam mofo e exigem constante impermeabilização.>
Coober Pedy é um caso à parte, construída sobre 50 metros de arenito poroso em condições áridas. Wright afirma: “Aqui é muito, muito seco.” Poços de ventilação simples garantem oxigênio e permitem que a umidade das atividades internas escape eficientemente.>
Apesar de algumas preocupações, como desabamentos pontuais, os moradores recomendam a vida subterrânea. Barry Lewis conta que sua antiga casa desabou, mas “não acontece com muita frequência” e “ela estava em um local ruim”.>
Jason Wright conclui: “é moleza quando você sente aquele calor” de 50°C na superfície. A vida em Coober Pedy demonstra adaptabilidade, sendo uma inspiração para o futuro em um cenário de aquecimento global. Este método pode se tornar crucial para desafios climáticos.>