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Agência Correio
Publicado em 13 de julho de 2025 às 16:00
A relação entre o comportamento dos filhos e os hábitos dos pais vai muito além da alimentação e da forma como as crianças lidam com emoções. >
Um novo estudo conduzido no Brasil, Conduzido pela Unesp ( Universidade Estadual Paulista),demonstrou que o sedentarismo infantil está intimamente associado ao nível de atividade física praticado pelos adultos responsáveis por essas crianças e adolescentes.>
Sedentarismo infantil
Em outras palavras, quando os pais levam uma vida pouco ativa, é muito mais provável que seus filhos adotem os mesmos padrões, perpetuando um ciclo de inatividade que pode ter consequências sérias para a saúde. >
Utilizando uma abordagem mais objetiva, os pesquisadores equiparam tanto os pais quanto os filhos com acelerômetros — dispositivos capazes de medir com precisão os níveis de movimento ao longo do dia. Foram analisados dados de 182 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos, junto com seus respectivos responsáveis. >
O estudo buscou entender como a dinâmica familiar influencia os hábitos motores e revelou que a rotina de atividade ou inatividade dos adultos se reflete fortemente nos filhos, mesmo quando não há incentivo explícito ao comportamento sedentário.>
O estudo mostrou que filhos de pais mais ativos tendem a ser mais engajados fisicamente em seu cotidiano. Isso não se trata apenas de um estímulo verbal ou incentivo direto, mas de algo muito mais sutil: o exemplo diário. >
Quando uma criança cresce em um ambiente em que os adultos praticam esportes, caminham com frequência ou mantêm uma rotina ativa, ela tende a ver esse comportamento como algo natural, incorporando-o à própria rotina.>
Em contrapartida, quando a dinâmica familiar é marcada por longos períodos de sedentarismo como assistir à televisão por horas, ficar em frente ao computador ou não realizar nenhuma atividade ao ar livre os pequenos também internalizam essa rotina passiva. >
Assim, a maneira como os adultos vivem se reflete diretamente na saúde física e no bem-estar das novas gerações, ampliando o impacto dos hábitos familiares para além do esperado.>
Um dado que chamou a atenção dos pesquisadores foi a força da influência materna nos hábitos dos filhos. A análise revelou que o comportamento das mães tem um impacto mais acentuado sobre a prática de atividades físicas das crianças, sendo mais que o dobro da influência exercida pelos pais. >
Isso sugere que, mesmo em famílias com figuras paternas presentes, o modelo comportamental das mães tende a ser mais absorvido pelas crianças no que diz respeito ao movimento corporal.>
As razões para esse fenômeno ainda não estão completamente esclarecidas, mas acredita-se que a maior presença materna nas rotinas diárias e no cuidado direto com os filhos possa explicar parte desse resultado. >
Ainda assim, o dado serve de alerta para que ambos os responsáveis compreendam sua importância e busquem adotar posturas mais ativas, já que qualquer mudança de hábito positiva no ambiente familiar pode gerar reflexos duradouros na saúde dos filhos.>
Os efeitos do sedentarismo na infância e adolescência não se limitam apenas à falta de disposição ou ao ganho de peso. A literatura médica já reconhece que a inatividade física nessa fase da vida está ligada ao desenvolvimento precoce de problemas cardiovasculares, metabólicos e até emocionais.>
No Brasil, estima-se que entre 11% e 38% das crianças estejam com excesso de peso, e esse número tende a crescer em contextos onde a prática de exercícios é negligenciada.>
Diante disso, combater o sedentarismo infantil tornou-se uma questão de saúde pública. Incentivar a prática de atividades físicas regulares, como brincadeiras ao ar livre, esportes escolares ou caminhadas em família, é fundamental para prevenir doenças e promover qualidade de vida. >
O envolvimento direto dos pais nesse processo, por meio da mudança de hábitos em casa, é uma das ferramentas mais eficazes para transformar essa realidade.>
Além dos achados centrais, a pesquisa teve o cuidado de considerar fatores sociodemográficos como escolaridade, renda familiar, idade e gênero, o que confere ainda mais robustez aos seus resultados. >
Essa abordagem permite entender melhor como diferentes contextos influenciam os níveis de atividade física e pode ajudar na elaboração de estratégias específicas para cada grupo social. >
Com esses dados em mãos, gestores públicos e profissionais de saúde podem desenhar programas mais eficientes voltados à promoção de hábitos saudáveis.>
Uma das ferramentas já disponíveis é o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, que recomenda, por exemplo, pelo menos 60 minutos diários de movimento moderado a vigoroso para crianças e adolescentes. >
Incluir os pais nesse processo educativo e nas ações práticas pode potencializar os resultados, criando uma cultura familiar de bem-estar e saúde duradoura. O estudo brasileiro mostra que não basta orientar as crianças é preciso envolver toda a família na construção de uma rotina ativa.>