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Não coma, é inflamatório: os alimentos que ajudam e que atrapalham a cicatrização da pele

Após cirurgia ou acidente, a dieta faz toda a diferença no aspecto da cicatriz

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 25 de novembro de 2025 às 17:00

comer bem é fundamental para ter uma pele bonita
comer bem é fundamental para ter uma pele bonita Crédito: Imagem: Pexels

Várias preocupações rondam a cabeça de uma pessoa que está prestes a realizar uma cirurgia. Embora recuperar a saúde seja a prioridade, o aspecto final da cicatriz é, inevitavelmente, uma dessas preocupações. Muitas pessoas desconhecem que as escolhas alimentares têm uma relação profunda com o sucesso da reconstrução do tecido lesionado.

O médico Laércio Guerra Garcia Júnior, especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, assegura que "Certas substâncias encontradas em alimentos ajudam a reconstruir o tecido lesionado, seja pelo bisturi do cirurgião, seja por um acidente", disse em entrevista à Veja Saúde. Em contrapartida, alguns itens devem ser retirados do cardápio em prol de uma cicatriz o mais suave possível, sendo o camarão o alimento que encabeça essa lista de restrições.

Camarão interfere na fase inicial de fechamento da lesão (Imagem: sasazawa | Shutterstock) por Imagem: sasazawa | Shutterstock

Como se nota, para que a marca cirúrgica seja a mais suave possível, não basta contar apenas com a destreza do médico habilidoso. Depois de agendar a operação ou de sofrer um corte com vidro ou queimadura, o dever de casa — que começa na cozinha — deve ser feito à risca, mesmo que o cirurgião não o cobre.

O inimigo número um da pele: a inflamação

O processo inflamatório é, de fato, o pior inimigo de quem vai encarar ou acabou de encarar o bisturi. Segundo o cirurgião plástico Bernardo Hochman, professor da Universidade Federal de São Paulo, após um corte, acontece uma inflamação normal, que sinaliza ao corpo que é hora de cicatrizar.

A situação, entretanto, complica quando o indivíduo já apresenta um estado inflamatório preestabelecido por conta de sua alimentação. Nesses casos, o perigo maior não é o rompimento do tecido que se está formando, mas sim o risco de uma supercicatrização.

O professor Hochman descreve para a Saúde Abril que, em um contexto de inflamação exacerbada, mais células de defesa são recrutadas para ajudar na recuperação da ferida. Daí, há um maior estímulo para a formação de colágeno e vasos sanguíneos no local, o que leva à sobrecarga.

Essa sobrecarga de colágeno não é bem-vinda, já que ela aumenta o risco de desenvolver queloide, uma cicatriz alta que ultrapassa as barreiras da pele. O sódio, abundante em alimentos ricos em gorduras trans como salgadinhos e congelados, também atrapalha, pois promove inchaço, outro fator que prejudica a cicatrização.

O mito do camarão: ciência confirma a lenda

O camarão chegou ao topo da lista de alimentos problemáticos por causa de uma crença popular, mas pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) provaram que seu posto é merecido. Eles ofereceram a 40 ratos cobaias um menu balanceado, mas uma parte desses animais saboreou o crustáceo.

Após a dieta planejada, todos os roedores foram submetidos a um corte de 4 centímetros na região do tórax e receberam um curativo. O passo seguinte foi retirar um fragmento da pele costurada de metade das cobaias de cada grupo para análise.

Elizabeth Borges, professora da UFMG e uma das autoras do experimento, percebeu que “No quinto dia após a operação, nos ratos cuja dieta continha camarão, a cicatriz se rompia com a maior facilidade”. Isso sugere que a substância no camarão interfere na fase inicial de fechamento da lesão.

A cientista, no entanto, notou que a diferença sumiu quando a cicatrização estava completa. O camarão possui quitosana, uma molécula que favorece a inflamação da pele, alterando os níveis de proteínas no organismo.

A lista proibida: o que evitar na cicatrização

A relação de ingredientes contraindicados para quem precisa de boa cicatrização não é pequena, visto que o camarão está longe de ser o único patrocinador de inflamações. Alimentos ricos em gorduras trans, como sorvetes, biscoitos e congelados, figuram nessa lista e promovem inchaço pelo sódio.

Com os redutos de gorduras saturadas a história não é diferente: recomenda-se distância de embutidos e carnes vermelhas gordurosas. Além desses, a carne de porco também inflama a cútis, podendo elevar a produção de colágeno além da conta e, consequentemente, gerar o queloide.

A soja deve ser evitada porque suas isoflavonas estimulam a liberação de substâncias que rendem mais inflamação na ferida. E a pimenta, que tem a capsaicina — ótima para as artérias —, deve ser aposentada por um tempo, já que é um tanto agressiva para a pele que está em processo de recuperação.

Os aliados essenciais para fechar a ferida

Embora a gordura saturada das carnes vermelhas seja contraindicada, a carne precisa fazer parte da dieta, pois proporciona aminoácidos essenciais para a fabricação do colágeno, que funciona como uma espécie de cimento para fechar a ferida, em doses adequadas.

A saída, segundo a nutricionista Paula Castilho, é recorrer a cortes mais magros. Exemplos de cortes magros são lagarto, alcatra, coxão mole, filé-mignon e músculo. Picanha e cupim, por serem mais gordurosos, não devem ser consumidos nesse período.

Para ajudar a pele a se preparar para o procedimento cirúrgico e o pós-operatório, Paula também recomenda o consumo de peixes. Eles são fontes de ômega-3, uma gordura com potente ação anti-inflamatória. As melhores opções são atum, sardinha e salmão.

Frutas também dão força extra no combate à inflamação por causa do seu conteúdo de antioxidantes. Se a aposta for em frutas com quantidades abundantes de vitamina C, melhor ainda. Antonio Carlos Ligocki Campos, professor da UFPR, explica que “Esse nutriente é fundamental para a produção de colágeno”. Laranja, pêssego e acerola são bons exemplos de frutas ricas nesse nutriente.

No entanto, no reino das frutas, há uma exceção que merece destaque: o abacate. Ele tem substâncias que "diminuem a ação da colagenase, uma enzima que destrói o colágeno", justificou Hochman. Isso afeta o equilíbrio perfeito entre fabricação e quebra dessa proteína, servindo de estopim para o queloide.

As castanhas, nozes e afins também são aliadas essenciais, pois contam com gorduras benéficas anti-inflamatórias e são fontes de zinco. O zinco é um mineral que garante o equilíbrio entre a produção e a degradação do colágeno.

O zinco é outro nutriente indispensável para a remodelação da pele. Antonio Carlos Ligocki Campos crava que “Sem ele, não há uma boa cicatrização”. Hochman concorda e complementa que “Está provado cientificamente que pacientes com queloide têm níveis mais baixos desse nutriente”.

O mineral é necessário para que a colagenase apareça, auxiliando no balanço ideal do colágeno. Paula Castilho aponta que é fácil encontrá-lo em carnes, peixes e todos os vegetais folhosos verde-escuros.

Por fim, os vegetais arroxeados, como a berinjela, a beterraba e a cereja, são importantes. A cor roxa indica a oferta de antocianina, um dos antioxidantes mais efetivos para a saúde e recuperação da pele.