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Comer maniçoba pode matar? O que está por trás do medo e do verdadeiro risco desse prato

Prato tradicional no Norte e Nordeste, a maniçoba exige longa cocção para eliminar toxinas naturais das folhas da mandioca

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 16:00

Entenda a ciência por trás desse prato nortista polêmico
Entenda a ciência por trás desse prato nortista polêmico Crédito: Foto: Youtube/Reprodução

A maniçoba é um dos símbolos gastronômicos da região Nordeste e Norte do Brasil, especialmente do Pará e Bahia. Rica em sabor, história e tradição, ela também é um prato que exige respeito: se não for preparada da forma correta, pode oferecer riscos de intoxicação.

Entenda por que a maniçoba precisa de tantos dias de cozimento, como saber se está realmente segura e o que observar quando você decide comê-la fora de casa.

O feijão contém um tipo de carboidrato chamado oligossacarídeo, que nosso intestino não consegue digerir por completo por Freepik

O que torna a maniçoba um prato que exige atenção

A base da maniçoba são as folhas da mandioca brava moídas, riquíssimas em sabor, mas também naturalmente compostas por uma substância tóxica que só desaparece com um preparo rigoroso.

“A maniçoba é um prato típico delicioso, mas precisa de cuidado no preparo. Ela é feita com as folhas da mandioca moídas, que naturalmente têm uma substância que pode ser tóxica se não for eliminada”, alerta a nutricionista Michelle Oliveira em entrevista à Agência.

Essas toxinas, conhecidas como glico­sídeos cianogênicos, podem se transformar em cianeto quando ingeridas in natura. É por isso que a maniçoba nunca deve ser feita às pressas ou improvisada: o cozimento é o responsável por quebrar e eliminar essa substância.

Outro ponto importante é que o risco nunca está no prato já pronto, mas no preparo mal executado, o perigo só existe se as folhas não forem cozidas por tempo suficiente. Por isso, tradições culinárias familiares seguem regras rígidas transmitidas há gerações.

O preparo correto: por que ela precisa cozinhar por dias

Para que a maniçoba seja segura, o tempo de panela é essencial. “Por isso, a maniçoba deve ser cozida por vários dias”, reforça a especialista.

O processo tradicional costuma durar de 5 a 7 dias em fogo baixo, com troca de água nas primeiras etapas. É uma preparação lenta, calculada e normalmente feita em grandes panelas, sempre sob supervisão de alguém experiente.

Só depois desse longo cozimento é que a receita recebe as carnes defumadas, como linguiça, bacon, carne-seca e outros ingredientes característicos. A textura final deve ser cremosa, escura e homogênea, sinal de que as folhas se desfizeram completamente.

Quando feita corretamente, o prato não apenas perde qualquer risco de toxidez, como se torna extremamente saboroso e nutritivo, “Feita da maneira certa, a maniçoba é segura, saborosa”, afirma.

Comer fora de casa: como saber se a maniçoba é segura

Muita gente ama a maniçoba, mas não se aventura a prepará-la em casa, e tudo bem. O segredo, nesse caso, é saber onde comer. “Se você for comer fora de casa, prefira lugares conhecidos ou tradicionais, que façam a receita como manda a cultura”, sugere Michelle.

Restaurantes regionais, casas especializadas e estabelecimentos tradicionais costumam respeitar o ritual completo de cozimento. Isso porque conhecem a importância do processo e preservam a receita de forma fiel.

Ao provar uma maniçoba fora de casa, alguns sinais são bons indicadores de preparo adequado: cor escura profunda, folhas completamente desmanchadas, ausência de gosto amargo e aroma típico intenso, mas não ácido. Além disso, estabelecimentos idôneos nunca servem maniçoba “feita no dia”, já que o prato não pode ser concluído rapidamente.