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Agência Correio
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 16:00
A maniçoba é um dos símbolos gastronômicos da região Nordeste e Norte do Brasil, especialmente do Pará e Bahia. Rica em sabor, história e tradição, ela também é um prato que exige respeito: se não for preparada da forma correta, pode oferecer riscos de intoxicação. >
Entenda por que a maniçoba precisa de tantos dias de cozimento, como saber se está realmente segura e o que observar quando você decide comê-la fora de casa.>
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A base da maniçoba são as folhas da mandioca brava moídas, riquíssimas em sabor, mas também naturalmente compostas por uma substância tóxica que só desaparece com um preparo rigoroso. >
“A maniçoba é um prato típico delicioso, mas precisa de cuidado no preparo. Ela é feita com as folhas da mandioca moídas, que naturalmente têm uma substância que pode ser tóxica se não for eliminada”, alerta a nutricionista Michelle Oliveira em entrevista à Agência.>
Essas toxinas, conhecidas como glicosídeos cianogênicos, podem se transformar em cianeto quando ingeridas in natura. É por isso que a maniçoba nunca deve ser feita às pressas ou improvisada: o cozimento é o responsável por quebrar e eliminar essa substância.>
Outro ponto importante é que o risco nunca está no prato já pronto, mas no preparo mal executado, o perigo só existe se as folhas não forem cozidas por tempo suficiente. Por isso, tradições culinárias familiares seguem regras rígidas transmitidas há gerações.>
Para que a maniçoba seja segura, o tempo de panela é essencial. “Por isso, a maniçoba deve ser cozida por vários dias”, reforça a especialista. >
O processo tradicional costuma durar de 5 a 7 dias em fogo baixo, com troca de água nas primeiras etapas. É uma preparação lenta, calculada e normalmente feita em grandes panelas, sempre sob supervisão de alguém experiente.>
Só depois desse longo cozimento é que a receita recebe as carnes defumadas, como linguiça, bacon, carne-seca e outros ingredientes característicos. A textura final deve ser cremosa, escura e homogênea, sinal de que as folhas se desfizeram completamente.>
Quando feita corretamente, o prato não apenas perde qualquer risco de toxidez, como se torna extremamente saboroso e nutritivo, “Feita da maneira certa, a maniçoba é segura, saborosa”, afirma. >
Muita gente ama a maniçoba, mas não se aventura a prepará-la em casa, e tudo bem. O segredo, nesse caso, é saber onde comer. “Se você for comer fora de casa, prefira lugares conhecidos ou tradicionais, que façam a receita como manda a cultura”, sugere Michelle. >
Restaurantes regionais, casas especializadas e estabelecimentos tradicionais costumam respeitar o ritual completo de cozimento. Isso porque conhecem a importância do processo e preservam a receita de forma fiel.>
Ao provar uma maniçoba fora de casa, alguns sinais são bons indicadores de preparo adequado: cor escura profunda, folhas completamente desmanchadas, ausência de gosto amargo e aroma típico intenso, mas não ácido. Além disso, estabelecimentos idôneos nunca servem maniçoba “feita no dia”, já que o prato não pode ser concluído rapidamente.>