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Testemunho: O dia em que Santa Dulce salvou a vida do meu irmão (e mudou a minha fé)

Esse relato pessoal é um testemunho de quem, mesmo sem ter religião, foi tocada pelo imenso poder do Anjo Bom da Bahia

  • Foto do(a) author(a) Fernanda Varela
  • Fernanda Varela

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 14:00

Santuário de irmã Dulce
Santuário de irmã Dulce Crédito: Arisson Marinho

Eu sempre soube da existência de Irmã Dulce, mas nunca acompanhei de perto sua história nem o quanto ela fez, de fato, pelo povo baiano. Tudo isso mudou em 2019, quando ela foi canonizada.

Não, eu não sou uma pessoa que se deixou levar pela euforia de ter uma santa baiana, longe disso. Confesso até que celebrei o fato de estar de folga no dia da canonização, pois sabia que seria um dia de alto volume de trabalho, festa na Fonte Nova, festa no Vaticano. Dulce era pop, e isso eu sabia bem. E, como eu não estava emocionalmente envolvida com nada disso, apesar de achar bonito ter uma santa local, poder descansar naquele dia parecia uma bênção.

Pois bem, um dia depois da canonização de Dulce, o Jornal CORREIO encartou um pôster dela, que prontamente foi colado na parede da redação por algum colega. E, exatos cinco dias depois, no aniversário da minha mãe, recebi uma notícia que tirou completamente o meu chão. Eu sempre acreditei em milagres. Não tenho o direito de não acreditar, pois tenho dois dentro da minha casa: minha mãe, que já passou por transplante, transfusão, hemodiálise, convulsões e tudo que você imaginar (e está viva graças aos milagres divinos e à força absurda que ela tem), e meu irmão, que foi o milagre que Dulce me deu.

Imagem de Santo Antônio, do século XIX, que pertenceu à família de Santa Dulce por Divulgação/Osid

No dia 18 de outubro, levei meu irmão ao médico. Dias antes, ele havia sentido uma forte dor no peito e um formigamento no braço. Estava cansando com esforços mínimos. No consultório, o médico disse que ele tinha alguma questão cardíaca, provavelmente isquemia, e que passaria por um cateterismo. Eu tive a palpável sensação de a alma sair do corpo. 

No dia seguinte, um sábado pela manhã, cheguei cedo à redação para trabalhar. Ainda abalada, com medo, nervosa. Com pouco tempo de trabalho, tive uma crise de ansiedade acompanhada de muito choro, taquicardia e desespero. Senti meu corpo levantar sozinho. Dei um pulo da cadeira e corri direto em direção ao pôster de Dulce, com quem eu nunca tinha tido nenhuma intimidade. Senti, de algum modo, que estava olhando nos olhos dela. E, naquele momento, pedi de todo coração que ela salvasse meu irmão.

Não sei bem como isso aconteceu, mas eu me recompus e fui direto ao Google. Digitei o nome da Fundação Bahiana de Cardiologia, lugar onde nunca tinha pisado. Liguei pra lá e falei que precisava com urgência de uma consulta para meu irmão. O nome de um dos médicos apareceu na tela e entendi que tinha que ser com ele: Dr. Maurício Barreto. E foi ele quem foi usado como instrumento para o começo do milagre que Dulce fez nas nossas vidas. O médico anterior havia sugerido esperar o plano autorizar o cateterismo, o que demoraria cerca de 15 dias. Já o médico que fomos em seguida disse: “Seu caso é muito grave. Você precisa ir pra emergência agora.” Ficamos apavorados. E, tempos depois, descobrimos que seria impossível ele sobreviver a esses 15 dias que nos foi sugerido esperar.

Encurtando a história: fomos para o hospital, os dois com o coração esmagado, sem saber se ele sairia de lá. Acho que conheci o fundo do poço. Nunca senti tanta angústia na vida. Em resumo, não era só uma isquemia. Meu irmão estava com as três principais artérias do coração comprometidas - uma com bloqueio de 99%, outra de 98% e uma de 100%. Essa última, por um milagre, criou uns “raminhos” por fora e levou sangue até o coração. Ele está vivo por um milagre, e foi isso que ouvi de vários cardiologistas do Hospital São Rafael e de um infectologista.

Tatuagem de Irmã Dulce, com a letra dela por Fernanda Varela/CORREIO

Nesse período, me mudei para o hospital com meu irmão. Foram 12 dias - desses, dormi por uns 10 numa poltrona. Foi impossível não lembrar de Dulce, e do propósito dela pela irmã. Nessas horas a gente se apega a muitas coincidências (não que eu esteja comparando as situações, mas naquele momento entendi como mais um sinal que ela estava conosco e que tudo ficaria bem). 

Meu irmão, aos 33 anos, fez duas pontes mamárias e uma safena. Provavelmente todo esse problema foi causado por alguma alteração genética na produção de um dos muitos tipos de colesterol. No dia da cirurgia, sentei em um banquinho do hospital e comecei a conversar com Dulce. Em poucos segundos, eu estava rodeada pela imagem dela. Diversas pessoas com camisas, sacolas ecológicas e garrafinhas estampadas com o Anjo Bom passaram por mim, em diferentes momentos. Naquele instante, eu soube que não estávamos sozinhos. Meu irmão renasceu. E, desde então, não desgrudei mais de Dulce. Ela, aliás, já me amparou em outros momentos em que só um milagre salvaria - e eles vieram.

Hoje eu tenho um altar cheio de imagens de Dulce em casa. Tenho o nome dela tatuado, imagens no carro, na mesa de trabalho e uma correntinha que não tiro nem pra dormir. Eu me tornei devota, sócio-protetora e, principalmente, conheci o poder dessa gigante, que tinha menos de um metro e meio de altura.

Esse depoimento é para agradecer publicamente não apenas aos médicos (Maurício Barreto, Marco Guedes, Pablo, Alan Montgomery Hamilton e Neri), mas também a Dulce, que me guiou naquele dia 19 de outubro e me fez ajudar a salvar a vida do meu irmão, que hoje está bem, cheio de saúde e levando uma vida normal. Você transformou minha vida, baixinha.

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Santa Dulce dos Pobres