Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Afro Fashion Day homenageou a Mãe África no Terreiro de Jesus

Evento promovido pelo CORREIO aconteceu pela nona vez e teve convidados como Majur e Zebrinha

  • Foto do(a) author(a) Roberto Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 27 de novembro de 2023 às 05:00

amarelo ouro, azul royal
Amarelo ouro e azul royal se dstacaram no primeiro bloco do desfile, chamado Realeza Crédito: Arisson Marinho

Os looks em amarelo ouro, azul royal e vermelho foram os primeiros a aparecer na passarela da nona edição do Afro Fashion Day, no sábado (25), no Terreiro de Jesus. O desfile promovido pelo jornal CORREIO era dividido em três blocos, nesta ordem: Realeza, Etnia e Afrofuturismo.

Pouco antes de os modelos chegarem, Vovó Cici, contadora de histórias afro-brasileiras, de 83 anos, lembrou que a Bahia tem a maior quantidade de negros fora da África, que a população africana é múltipla e diversa, e que para entender as origens de um povo é preciso conhecer a arte, música, cores, tecidos e tranças. A cantora baiana Nara Couto abriu os caminhos para os 75 modelos que usaram looks de 41 marcas baianas.

Um dos primeiros a pisar na passarela foi o DJ Amar Mansoor, 44 anos, homem negro e natural dos Estados Unidos. “Foi um amigo quem me provocou. Ele apostou R$ 50 dizendo que eu não seria capaz de entrar no Afro Fashion Day. Eu aceitei o desafio, fiz a seletiva na Estação de Metrô da Rodoviária e passei. Ganhei os R$ 50 e ainda estou na passarela”, contou, provocando gargalhadas dos colegas.

Bem mais nova que Mansoor, Brendha Vila Verde, 19 anos, no entanto, é muito mais experiente que ele: encarou a passarela do Afro Fashion Day pela terceira vez, mas disse que mesmo sendo veterana estava nervosa.

" Sempre vai dar um friozinho na barriga, aquele nervosismo. Eu já trabalho há 3 anos como modelo, mas essa passarela tem um diferencial porque são todos modelos negros. É a nossa cultura e a nossa gente, e é muito bom poder ter isso na Bahia"

Brendha Vila Verde,

que desfila pela terceira vez no AFD
Modelo durante o bloco Etnia, em que se destacaram o laranja marrom, azul celeste, verde bandeira
Modelo durante o bloco Etnia, em que se destacaram o laranja marrom, azul celeste, verde bandeira Crédito: Arisson Marinho

Na plateia, Heloísa Souza, de 10 anos, era uma das mais empolgadas. Ela aplaudiu os modelos e cutucou a mãe todas as vezes em que via algo que chamava a atenção na passarela. “Adorei o cabelo de uma das meninas e a roupa de um menino. Teve um vestido amarelo que uma menina usou que era bonito demais. Muito criativo”, disse a pequena.

Etnia

O bloco Etnia trabalhou com as cores marrom, azul celeste, verde bandeira e laranja. Já o último, Afrofuturismo, vestiu os modelos de amarelo neon, laranja neon, rosa neon e verde neon. Os looks foram diversos, como é o continente africano, e muitos lembraram na tonalidade e nos detalhes as savanas, o pôr do sol, o céu alaranjado, as matas e a terra de África.

O Afrofuturismo foi a temática trabalhada pelo design de moda Déco Sodré, que assina a marca de mesmo nome. Segundo o profissional, o Afro Fashion Day estimula os estilistas a pensarem novas formas e estruturas. “Esse desfile é importante não apenas para quem está trabalhando, mas também para quem está assistindo e se sentindo representado. É levar a nossa cultura, das nossas raízes, para o mundo”, disse.

Modelo durante o AFD 2023
Modelo durante o AFD 2023 Crédito: Arisson Marinho

Música

O desfile teve trilha sonora baiana de diferentes épocas, com repertório selecionado por Telefunksoul. Houve também apresentações artísticas de Majur e MC Áurea Semiséria, além do coreógrafo Zebrinha, convidado para desfilar.

"Fazer moda é fazer política, e com certeza esse desfile é um movimento político necessário no Brasil. Quando se fala de coletivo o preto sempre é cota, o 1%, portanto, ter a coragem de investir em um evento onde o critério é ser preto reverbera para o mundo todo. É grandioso, e fazer parte dessa história é motivo de orgulho para mim"

Zebrinha, 

coreógrafo que desfilou no AFD a convite da organização

Com direção de cena de Dam Fernandes e Gil Alves, um dos momentos que cativou o público foi a intervenção artística de Nildinha Fonseca, Larissa Pinto e Luana Pinto. Com espadas de Oxóssi na mão, elas fizeram performance de dança em homenagem aos ibejis enquanto looks eram desfilados na passarela.

Na passarela do Afro Fashion Day 2023, MC Aurea Semiséria ( @carretadaonze ), de Cajazeiras, falou sobre uma pesquisa inédita sobre “Dismorfia Financeira”, de will Bank. O estudo, que teve seus dados traduzidos na roupa vestida pela MC, expõe o abismo financeiro existente entre homens brancos de classe alta (AB) e mulheres pretas e pardas de baixa renda (classe DE).

Entre os dados que mais chamam atenção na pesquisa está o fato de que quase 10% das pessoas pretas sentem tristeza ao lidar com dinheiro, enquanto nove em cada dez brasileiros (90%) não conseguem comprar tudo o que precisam e não contam com reservas que permitam fazer planos e pensar no futuro. Seis em cada 10 mulheres pretas (61%) da classe D e E utilizam palavras negativas para descrever sua situação financeira. Clique aqui e leia mais sobre a dismorfia financeira.

O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com patrocínio da Vult, Bracell e will Bank, apoio do Shopping Barra, Salvador Bahia Airport, Wilson Sons e Atacadão, apoio institucional do Sebrae e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Clube Melissa.