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Do improvável ao inevitável: Zeca Veloso fala sobre primeiro disco e conexão espiritual com Salvador

Filho de Caetano Veloso segue passos do pai e lança disco de estreia 'Boas Novas'

  • Foto do(a) author(a) Maria Raquel Brito
  • Maria Raquel Brito

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 06:00

Zeca Veloso lançou Boas Novas na última quarta-feira (26)
Zeca Veloso lançou Boas Novas na última quarta-feira (26) Crédito: Elisa Maciel/Divulgação

Zeca Veloso diz que nunca foi músico. Cursou administração por dois períodos, chegou a estudar produção musical, mas uma carreira profissional na música não era um rumo que esperava tomar - mas tomou. A veia artística falou mais alto e o resultado oficial veio na última quarta-feira (26), com o disco "Boas Novas". “A gente duvidou em alguns momentos se seria esse mesmo o caminho, de trabalhar com música como cantor, um artista lançando discos e tal. Mas vencemos essas dúvidas”, conta o artista.

"Boas Novas" foi feito sem pressa, aperfeiçoado ao longo de três anos. Mesmo com a expectativa do público de que Zeca entrasse de cabeça na música após participar do projeto "Ofertório" ao lado do pai Caetano Veloso e dos irmãos, Moreno e Tom, em 2018, ele achou imprescindível que as coisas acontecessem no seu próprio tempo. Os fãs já o esperavam, encantados pelo tom e pelos falsetes de Zeca depois de "Todo Homem", de 2017. Anos depois, o momento chegou, como um 'presente de Deus'. Segundo ele, muito do disco veio de um lugar espiritual.

'Boas Novas' é o primeiro disco de Zeca Veloso por Elisa Maciel/Divulgação

“Eu vejo que as decisões vieram mais desse lugar do divino mesmo, fora do meu controle. Vejo mais por forças divinas conduzindo as coisas do que o que eu escolheria mostrar, uma faceta ou outra”, diz.

Com dez faixas, das quais sete têm letra e música de Zeca, o disco traz elementos de gêneros como samba reggae, marcha-rancho, pagode, soul e sertanejo, além de beber dos discos dos anos 70 e 80 que Zeca cresceu escutando. A principal é "Salvador", que abre o álbum com a jornada de um guerreiro espiritual que, sabendo-se constantemente passível de ser derrotado nas batalhas, segue íntegro no meio das vicissitudes. Zeca divide a canção com seu pai, Moreno e Tom - união que, como "Ofertório" mostrou, sempre dá certo.

O videoclipe também mergulha na relação dos Veloso, com gravações antigas em VHS de momentos da família, sobretudo entre a capital baiana e Santo Amaro, no recôncavo. 

A canção também é uma homenagem para a capital baiana, que Zeca, nascido e criado no Rio de Janeiro, visitava anualmente na infância e adolescência. É só agora, porém, depois de adulto, que entende a cidade, depois de um passeio pela Ponta de Humaitá com o pai no ano passado.

“Eu fui olhando e pensando ‘agora eu estou entendendo toda a cidade de Salvador’. E falei ‘poxa, muito tarde agora, já com 30 anos de idade’, porque a gente ia criança ali, para um lado e para outro sem entender a coisa toda, mas é uma cidade que eu amo muito”, diz.

Nas lembranças de Zeca, estão os dias na casa da família no Rio Vermelho, os carnavais na Barra e o tempo que passavam com a família Gil. Para a música, a inspiração também veio de outras ordens. “Eu não sou essa pessoa com essa autoridade, essa propriedade para falar de Salvador, mas essa coisa me apareceu de um lugar espiritual, então eu tive que obedecer, respeitar essa inspiração. Eu vejo como um presente que eu recebi e fico feliz de falar de Salvador, que são as minhas raízes”, conta.

A conexão com o campo espiritual aparece outras vezes na conversa como um fator definidor para que "Boas Novas" acontecesse como aconteceu. É, na realidade, um ponto importante na vida inteira do artista. Evangélico, ele tem desde criança um contato próximo com a religião e também com a música gospel. Em "Boas Novas", essa influência não aparece de forma direta, segundo Zeca. Mas a pergunta despertou um pensamento para os próximos projetos: “Eu gostaria até de ter mais influência”, declara.

Hoje, vendo o disco pronto e no mundo, ele gosta do resultado. Considera que, se tiver que ser rígido, "Boas Novas" “não é perfeito, tem algumas questões”, mas é um trabalho agradável e sofisticado, o que associa em grande parte ao trabalho dos arranjadores e produtores. “Se o disco está bom, a gente fica tranquilo, a gente fica confiante. Vamos ver se as pessoas vão gostar. Aí já são outros quinhentos”, brinca Zeca.

Daqui para frente, vêm outras etapas do projeto. A próxima é uma série de shows, que está em desenvolvimento e deve começar em março. Salvador, segundo ele, definitivamente está na lista.