Interesses internacionais estão por trás de previsões sobre o clima, alerta especialista no Fórum ESG

Jorge Cajazeira, vice-presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fieb, foi um dos palestrantes do evento

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Publicado em 23 de maio de 2024 às 18:06

Jorge Cajazeira
Jorge Cajazeira Crédito: Elias Dantas e Jefferson Peixoto/Alo Alo Bahia

Jorge Cajazeira, vice-presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), se apresenta como um “ambientalista cético”. Quando subiu no palco durante o III Fórum ESG, na manhã desta quinta-feira (23), já sabia que muitos iriam discordar do seu discurso. De cara, falou que não acredita em “anjos verdes” e alertou para os interesses internacionais nas discussões sobre mudanças climáticas.

O especialista, que integra o Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado da Bahia (Cepram), admite que as mudanças climáticas são um problema. Jorge Cajazeira, no entanto, coloca uma lupa nas discussões: para ele, é preciso analisar quais interesses econômicos estão por trás de “previsões alarmistas” sobre o clima.

Para isso, ele parte de um pressuposto: os países que mais cobram medidas para mitigar o aquecimento global são também os que mais poluem. “O que me preocupa é que situações ambientalmente perigosas estão sendo revertidas em dinheiro. Sei que existem questões ambientais, mas elas são alardeadas por interesses econômicos”, falou. O tema da palestra foi 'Mudanças Climáticas, Acordos, Caminhos e Desafios'.

“O Brasil alimenta boa parte do mundo através do agronegócio. Aí vemos uma campanha que diz que o arroto do gado causa aquecimento global. Isso é feito para desvalorizar o preço da carne brasileira, criar barreiras técnicas, para que o gado europeu possa competir com o brasileiro”, exemplifica Jorge Cajazeira.

A partir de 2025, a Nova Zelândia passará a cobrar taxas sobre as emissões de gases de animais em fazendas, com o objetivo de atender as metas climáticas do país. Os bovinos produzem metano (CH4) no processo de digestão de alimentos e o gás, mais danoso ao meio ambiente do que o gás carbônico (CO2).

Os chamados gases de efeito estufa, naturalmente presentes na atmosfera, absorvem parte da radiação infravermelha emitida pelo Sol, dificultando o escape da radiação (calor) para o espaço. O processo é conhecido como aquecimento global.

Em março de 2022, a empresa norte-americana GHGSat mediu as emissões de gás metano por bovinos no espaço. Segundo a pesquisa, a liberação de um ano do gás é suficiente para abastecer 15,4 mil residências. Só os Estados Unidos, país onde o levantamento foi feito, são responsáveis por quase ¼ do CO2 no mundo desde 1850, segundo o Global Carbon Project.

“O que precisamos fazer, como país, é não cair em armadilhas. Mais da metade da energia produzida na Bahia é de baixo carbono, solar e eólica, então, dizer que o agronegócio do oeste baiano é poluidor, é uma piada”, falou Jorge Cajazeira. Segundo o Ministério de Minas e Energia, as fontes de energia renováveis representam 83% da matriz elétrica brasileira. A hidrelétrica (63,8%), eólica (9,3%) e biomassa e biogás (8,9%) são as mais significativas.

O vice-presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fieb também comentou sobre as enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. A tragédia já causou 162 mortes e fez com que mais de 518 mil pessoas tivessem que deixar suas casas.

Jorge Cajazeira lembrou que o estado sofreu com enchentes em épocas diferentes, nos anos de 1941 e 1983. “Houve descaso no planejamento das cidades, que não tomaram medidas para defender as cidades desses eventos”, falou.

Para o especialista, o maior desafio do planeta é a conservação dos oceanos, que capturam o CO2 da atmosfera através de processos físicos e biológicos. “Temos que reconhecer que o aumento da temperatura do planeta é um fato. É muito melhor prevenir a poluição de plástico no mar do que tentar proteger a Amazônia. Proteger a floresta é importantíssimo, mas o debate sobre os oceanos é vital para o sequestro de gás carbônico”, disse.

O plástico demora cerca de 400 anos para se decompor e, segundo previsões de cientistas, em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. “É preciso economizar água, cultivar áreas verdes, comprar produtos biodegradáveis, diminuir o uso de embalagens e comprar consumos de baixo consumo. São conselhos simples, do dia a dia, que têm impactos práticos significativos”, completou.

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