O que significa afrobetizar; conheça o projeto finalista do Prêmio Educador Transformador do Sebrae

O recurso afro didático foi apresentado no III Fórum ESG Salvador e traz uma nova forma de alfabetizar os estudantes do ensino fundamental com palavras de origem africana

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  • Yasmin Oliveira

Publicado em 23 de maio de 2024 às 22:29

Bianca Barreto participou do penúltimo painel do segundo dia do III Fórum ESG Salvador Crédito: Paula Fróes/CORREIO

A construção do afrobeto trouxe uma nova perspectiva do alfabeto nas salas de aula da professora Bianca Barreto, com isso o recurso afro didático trouxe uma nova forma de alfabetizar os estudantes do ensino fundamental com palavras de origem africana. O projeto foi finalista estadual do Prêmio Educador Transformador, do Sebrae, e foi apresentado nesta quinta-feira (23) no III Fórum ESG Salvador.

“O que você conhece que vem da África e está em seu cotidiano? Se eu pergunto para um adulto, ele não sabe me dizer uma coisa com cada letra que vem de África que está no cotidiano dele, mas quando ele olha para o afrobeto ele fala: ‘eu almocei isso aqui’, então a ideia que as pessoas se conscientizem da necessidade de falar de África como algo que está próximo da gente”, explicou Bianca Barreto.

A engenheira e professora de Educação Física dá aulas para a rede municipal de Salvador e São Francisco do Conde, ela acredita que coisas como o Afrobeto precisam conquistar o mundo e por isso o projeto que surgiu há pouco mais de um ano necessita ser conhecido. Uma das principais práticas que ela adota para disseminar o Afrobeto é na formação de professores, enquanto ensina suas dez turmas esta nova forma de aprender as letras do alfabeto.

Para Bia, a sigla ESG é um mecanismo de gerenciamento para fazer com que as grandes empresas em que dá consultoria possam pensar não só em fatores econômicos, mas também em fatores sociais, ambientais e de governança, principalmente ao trazer que dentro da letra S estão as questões étnico-raciais.

“Os princípios da ESG eles estão comigo todos os dias, inclusive na sala de aula e é assim que nasceu o Afrobeto. É assim que meus estudantes da escola pública fazem um tour pela cidade de Salvador a partir do corpo, porque muitos deles não conhecem os pontos turísticos da cidade. Mas eles já ouviram falar e daí surge uma dinâmica assim, a gente faz e representa o Porto da Barra. Ele nunca foi no Porto da Barra, mas ele sabe representar”, explica.

Para a turma em que nasceu o Afrobeto, o ensinamento das letras não é como no ‘Alfabeto da Xuxa’. O A se torna de acarajé e agogô, enquanto a letra T se torna de turbante e tutu. Atualmente eles cursam o 2º ano do Ensino Fundamental I e cobram da Bia mais projetos como o livreto na sala de aula. As atividades em sala com o Afrobeto trouxeram a música, com os instrumentos mencionados pelo alfabeto, e a comida para que eles pudessem experimentar o que estavam aprendendo em forma de troca entre os alunos do 1º ano e do 2º ano.

“A gente começa a mostrar para meninos de cinco e seis anos que eles aprendem com os mais velhos e com os mais novos também, e que é possível coabitar sem um ser melhor do que o outro, porque isso revoluciona a escola. Obviamente a diretora sempre fala assim: ‘quando a Bia está dando aula é uma zoada’. É mesmo porque a escola é lugar de gente viva, quem tem esse silêncio é o necrotério Nina Rodrigues”

A partir o Afrobeto, os estudantes também aprendem sobre a diversidade religiosa. Onde as palavras ‘entidade’ e ‘orixá’ são aprendidas para que o respeito entre religiões ocorra sem empecilhos da sociedade. Esta é apenas uma das formas que a Bia observa a evolução de seus alunos que começaram a se valorizar mais após autografar o livreto.

Os próximos passos são a criação do Afroafetos, outro livreto para mostrar os sentimentos vindos da África que estão no dia a dia, como dengo, chamego e xodó. “A ideia é que com eles a gente já faça a áudio-transcrição do Afrobeto e também a versão em Braille. A educação física é muito mais do que o baba e a quadra, a educação física é o corpo em movimento para novos aprendizados”, finaliza.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro

O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Luzbel, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.