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Alan Pinheiro
Publicado em 11 de março de 2025 às 07:00
A obesidade é uma realidade e pode estar relacionada a diversos fatores, como doenças comuns, como diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, doença hepática gordurosa e osteoartrite no joelho. No entanto, o interessado em saber a situação de seu corpo pode identificar se o sobrepeso já virou obesidade através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), como explica o médico com foco em emagrecimento e performance Gabriel Mendes.>
"Para diferenciar sobrepeso de obesidade, utilizamos o IMC, que é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura (em metros) ao quadrado. Um IMC entre 25 e 29,9 indica sobrepeso, enquanto um IMC igual ou superior a 30 indica obesidade. Além disso, é importante considerar outros fatores, como a distribuição de gordura corporal e a saúde geral, avaliados através da bioimpedância, que hoje, é sem dúvidas a melhor forma de avaliação de composição corporal", explica.>
Contudo, o IMC não é o único fator que determina o risco à saúde. Uma colaboração internacional passou os últimos dois anos discutindo mudanças nessa abordagem. Segundo artigo publicado na revista The Lancet, um corpo maior não deve ser automaticamente associado à "obesidade clínica". A definição deve levar em conta não só a quantidade de gordura, mas também a sua distribuição no corpo e os problemas de saúde relacionados, explica a publicação The Conversation.>
Gabriel Mendes ressalta ainda que o IMC não diferencia gordura de músculo, o que pode levar a avaliações errôneas de atletas ou pessoas com alta massa muscular, por exemplo. “Essas pessoas podem ser classificadas como ‘acima do peso’ ou até ‘obesas’ segundo a tabela tradicional, quando, na realidade, estão em excelente forma física”, diz.>
Segundo dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF), lançado na última segunda-feira (3), um a cada três brasileiros vive com obesidade. A pesquisa aponta que a porcentagem tende a crescer nos próximos cinco anos. No país, cerca da metade da população adulta, entre 40% e 50%, não pratica atividade física na frequência e intensidade recomendadas.>
O sobrepeso e a obesidade podem trazer riscos. Segundo o Atlas, 60,9 mil mortes prematuras no Brasil podem ser atribuídas as doenças crônicas não transmissíveis devido ao sobrepeso e obesidade, como diabetes tipo 2 e Acidente Vascular Cerebral (AVC) – a informação é baseada em dados de 2021.>
O risco de doenças está mais relacionado à proporção de gordura, músculos e ossos no corpo, assim como à localização da gordura. Atletas, por exemplo, podem ter um IMC elevado, até acima de 30 kg/m², devido à sua alta massa muscular, e não por acúmulo excessivo de gordura.>
A gordura abdominal, especialmente a armazenada ao redor dos órgãos internos, aumenta o risco de problemas de saúde. Esse tipo de gordura pode liberar substâncias nocivas no sangue, afetando outras partes do corpo. No entanto, o IMC não revela se uma pessoa está sofrendo com doenças associadas ao excesso de gordura. Um IMC elevado pode, por exemplo, não indicar riscos de saúde em pessoas altas ou com distribuição saudável de gordura.>