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Pedro Carreiro
Publicado em 30 de julho de 2025 às 18:47
Vampeta, ex-jogador campeão mundial com a Seleção em 2002, voltou aos holofotes como símbolo do “vampetaço”, protesto digital que usa sua foto nua, publicada em 1999, na extinta revista G-Magazine, para criticar figuras hostis ao Brasil. A prática voltou a ser utilizada após Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. >
A nova onda do movimento teve início na última quarta-feira (10), quando o ex-presidente dos EUA publicou em sua rede social, a Truth Social, que aplicará as sanções comerciais a partir de 1º de agosto. Trump justificou a medida alegando uma suposta postura injusta do Brasil nas relações comerciais com os EUA e, de forma indireta, responsabilizou também o Supremo Tribunal Federal (STF) por decisões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).>
Variações da icônica foto de Vampeta
Como Trump está ausente do X (antigo Twitter), a internet brasileira adaptou a estratégia: começou a enviar a imagem de Vampeta diretamente para o e-mail oficial da Casa Branca, transformando o protesto em um ato transcontinental. Vampeta, no entanto, explicou em entrevista ao CORREIO que não vê problema com a repercussão. >
“Levo na boa, acho até da hora. Acho que isso começou há uns dois ou três anos. Um cantor internacional veio ao Brasil, falou mal do país, da Amazônia, chamou o Brasil de ‘país de terceiro mundo’. Aí alguém criou esse meme e entrou no Instagram dele”, relembrou. >
Depois, rolou umas manifestações aqui na Paulista, colocaram até uma imagem minha lá no pé da Fiesp”, relembrou o ex-jogador em entrevista. “Tipo assim: quem fazia alguma coisa errada, recebia o ‘Vam Petar’. E agora isso voltou por causa da taxação aí do Trump”, acrescentou. >
Como o próprio Vampeta lembrou, essa não é a primeira vez que a imagem é resgatada como símbolo de resistência ou repúdio. Em 2023, o vampetaço ressurgiu com força após os ataques racistas sofridos por Vini Jr., do Real Madrid. Na ocasião, perfis oficiais do clube espanhol Valência foram invadidos com a foto de Vampeta em solidariedade ao jogador brasileiro. >
Em outro episódio anterior, o alvo foi o músico norueguês Varg Vikernes, conhecido por declarações neonazistas, que havia declarado desprezo pelo Brasil. A reação foi semelhante: as redes do artista foram tomadas pelo protesto visual. Para o baiano, natural de Nazaré, o fenômeno é um reflexo da forma como ele segue presente na cultura popular, mesmo 18 anos após sua aposentadoria dos gramados. >
“Hoje em dia, com rede social, com internet, é tudo muito rápido. Muita gente dessa geração nova não me viu jogar, mas me conhece por TikTok, por reels, por vídeos, por esses ‘trends’ todos aí”, iniciou.>
“Vejo crianças de 7, 8 anos me chamando na rua: ‘Olha o Vampetaço aí!’. Eu trabalho com comunicação também, então acho legal ser lembrado assim. Já faz 18 anos que parei de jogar, e ainda sou lembrado. É bacana”, concluiu. >
Mesmo usado como ícone de escárnio e ironia, o baiano natural de Nazaré das Farinhas tem encarado com leveza o papel que acabou assumindo na era digital. “Eu acho engraçado. É uma brincadeira, né? O pessoal leva na zoeira, e eu também. Eu curto, não tem problema nenhum com isso”, afirmou. >