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Alan Pinheiro
Publicado em 15 de abril de 2025 às 16:14
O valor da pensão alimentícia paga pelo zagueiro Real Madrid Eder Militão voltou a ser um assunto comentado nas redes sociais após o vazamento de um áudio, atribuído à atual esposa do atleta, expondo o verdadeiro valor pago pelo atleta à ex, Karoline Lima. Considerando o salário do jogador, o assunto viralizou pelo valor atribuído à pensão ser pequeno em relação à fortuna de Militão, o que gerou dúvidas.>
Segundo uma lista divulgada pela Capology, só em 2025, Militão tem o salário anual superior a R$ 80 milhões, o que corresponde a mais de R$ 6 milhões mensais. Em entrevista para a revista Quem, o advogado especialista em Direito de Família Leonardo Marcondes, explicou que a pensão alimentícia de um pai milionário jamais pode ser vista como uma mera ajuda ou como um valor simbólico. >
"O dever de sustento dos filhos vai muito além do básico para sobreviver. Trata-se de garantir à criança o direito de viver com dignidade e de forma compatível com o padrão de vida do genitor", explica.>
"Se o pai desfruta de uma vida de luxo — com viagens, carros de alto padrão, imóveis sofisticados, vestuário de grife — os filhos também têm direito de ter acesso a uma vida de conforto e qualidade equivalente. A mãe, que muitas vezes é quem arca com a criação, educação e cuidados diários da criança, não pode ser sobrecarregada enquanto o pai mantém um estilo de vida ostentatório", argumenta.>
O profissional explica que no Direito de Família, a pensão deve refletir o binômio necessidade dos filhos e possibilidade dos pais. "Mas necessidade aqui não é sinônimo de 'mínimo para sobreviver'. É necessidade de viver com dignidade, com oportunidades, educação de excelência, saúde adequada, lazer e desenvolvimento integral, tudo proporcional à realidade econômica do pai. Não existe justificativa legal ou ética para que o filho leve uma vida modesta, enquanto o pai milionário esbanja riquezas", afirma.>
O profissional explica que a pensão alimentícia não dá ao pai o direito de controlar ou fiscalizar a mãe. "A função do pai é pagar a pensão fixada pela Justiça e confiar que a mãe, que é a principal responsável pela rotina da criança, saberá administrar os recursos da melhor maneira possível. Quando o pai tenta impor como o dinheiro deve ser gasto, ou decide pagar diretamente profissionais e fornecedores, isso configura abuso e, muitas vezes, violência patrimonial", afirma.>
"O objetivo da pensão não é manter o controle financeiro sobre a mãe: é garantir que a criança tenha uma vida digna e segura. Cabe à mãe, que está no dia a dia da criação, definir prioridades e organizar os gastos. Se o pai tem dúvidas ou suspeitas legítimas, o caminho correto é recorrer ao Judiciário, e não usar isso como pretexto para manter poder sobre a ex-companheira", acrescenta.>